Dia Nacional do Alistamento: milhares de venezuelanos atendem ao chamado do governo
Chanceler Yván Gil registra adesão à Milícia Bolivariana; ministro da Defesa, Padrino López, destaca que Venezuela está combatendo o narcotráfico com 'absoluta firmeza e força'
A Venezuela viveu neste sábado (23/08) uma onda de mobilização popular e militar em torno do Dia Nacional do Alistamento. Milhares de cidadãos atenderam ao chamado do governo e das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) para reforçar a Milícia Bolivariana, em um gesto que o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino López, descreveu como “expressão de patriotismo diante das ameaças dos Estados Unidos”.
De acordo com Padrino, a participação massiva da população demonstra que o país “não se deixará enganar por falsos positivos” fabricados por Washington como justificativa para uma eventual agressão militar. “O povo respondeu resolutamente ao chamado para defender a pátria contra a tentativa dos EUA de fabricar mentiras, como sempre fizeram antes de uma agressão”, afirmou durante um discurso transmitido pela televisão estatal.
Ele associou a mobilização cívico-militar às operações da FANB no combate ao narcotráfico. Entre janeiro e agosto, foram realizadas nove operações em todo o território venezuelano, com 164 mobilizações e mais de 10.380 militares envolvidos, contou.
Combate ao narcotráfico
O saldo, segundo dados divulgados pela Defesa, inclui a apreensão de 52,7 toneladas de drogas e mais de 153 mil quilos de precursores químicos, além da destruição de acampamentos, laboratórios e estaleiros ligados a grupos Tancol (terroristas armados e narcotraficantes da Colômbia). No total, 6.284 prisões foram efetuadas em operações que envolveram o bloqueio de pistas clandestinas, neutralização de aeronaves e apreensão de armas e embarcações.
“O tráfico de drogas é um lubrificante para a economia dos EUA”, acusou Padrino, ao denunciar o que classificou como uma “estratégia sub-reptícia do imperialismo” para desestabilizar a Venezuela e manter vivo um mercado ilícito que alimenta a economia norte-americana. Ele acrescentou que a fusão militar-policial-popular representa uma força de contenção contra as atividades ilegais na fronteira e dentro do país.
Mobilização cívica
O Dia Nacional do Alistamento foi marcado por praças Bolívar lotadas em diversas cidades, sob o slogan “Estou me preparando, Presidente Maduro!”. Imagens divulgadas pela imprensa mostraram bandeiras tremulando, discursos de lideranças comunitárias e jovens assinando seu ingresso na Milícia Bolivariana. “A pátria não está à venda”, repetiam os participantes.

Ministro das Relações Exteriores, Yván Gil, registrou em seu canal no Telegram sua própria adesão ao alistamento em Caracas
Reprodução / Telegram Yvan Gil
Entre os que se alistaram neste sábado esta o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil. Ele postou em seu canal no Telegram sua própria adesão ao alistamento em Caracas,. O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) também utilizou suas redes sociais para convocar a população, destacando a unidade popular e a defesa do projeto bolivariano.
A mobilização popular ocorre frente às ameaças de Donald Trump de implantação militar dos Estados Unidos no Caribe, colocando em risco, segundo o governo venezuelano, a Zona de Paz declarada na América Latina e no Caribe desde 2014. O governo Trump ordenou o envio de um esquadrão anfíbio ao sul do Caribe, com navios de guerra que podem chegar a qualquer momento nas costas venezuelanas.
A convocatória ocorre após a decisão de Washington de dobrar de 25 a 50 milhões de dólares a recompensa por informações sobre Maduro que levem à sua prisão. Ele é acusado, sem provas, pela Casa Branca de liderar um cartel de drogas.
Padrino López insistiu que nada do que ocorre é “fortuito ou casual” e responsabilizou diretamente o “imperialismo” pelas tentativas de desestabilizar o país. E reiterou: “estamos combatendo o narcotráfico, a mineração ilegal e o tráfico de pessoas com absoluta firmeza e força”.























