CELAC convoca reunião de urgência frente ao avanço dos EUA no Caribe
Destroieres, lançador de mísseis, navio de assalto anfíbio e embarcações com capacidade de mais de 4.500 soldados norte-americanos encontram-se no mar caribenho
Diante da intensificação da movimentação militar dos Estados Unidos nos mares caribenhos, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) convocou uma reunião extraordinária de chanceleres, em formato virtual, nesta segunda-feira (01/09).
A presença militar dos Estados Unidos no Caribe se intensificou nos últimos dias. No domingo (31/08), o destroier norte-americano USS Sampson atracou no Panamá para reabastecimento no porto de Amador, no Pacífico do Canal, segundo informou a colombiana NTN24. Na sexta-feira (29/08), o lançador de mísseis USS Lake Erie havia cruzado o Pacífico rumo ao Caribe.
As embarcações, informa o veículo, unem-se às demais enviadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à região: dois destroieres de mísseis guiados — USS Jason Dunham e o USS Gravely — e um navio de assalto anfíbio USS Iwo Jima. Há menções de dois navios de apoio com capacidade para mais de 4.500 soldados. Também foi destacada presença do submarino nuclear USS Newport News, embora Washington não tenha revelado a área exata de suas operações, detalha reportagem da russa RT.
Reunião CELAC
A reunião dos países da CELAC, sob presidência pro tempore da CELAC da chanceler da Colômbia, Rosa Yolanda Villavicencio Mapy, discutirá a situação em uma pauta sobre “a preservação da soberania, da independência política e da integridade territorial dos Estados membros”, informa o órgão, em comunicado.
No texto, a CELAC manifesta seu firme repúdio “a qualquer forma de ingerência externa que afete a estabilidade e a paz na região, a reafirmação da América Latina e do Caribe como uma Zona de Paz e Cooperação”. E afirma que a convocatória busca “reforçar os canais de diálogo e cooperação, reconhecendo que os desafios transnacionais requerem respostas conjuntas e coordenadas”.

Destroyer USS Sampson, uma das embarcações que se encontram nos mares caribenhos rumo à costa venezuelana
John Philip Wagner Jr. / Marinha dos EUA – Wikipedia Commons
Contexto
A ameaça militar norte-americana foi rejeitada por diversos governos da região. Em cúpula virtual realizada na quarta-feira passada (27/08), os países da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA) expressaram forte condenação ao envio do destacamento. “Os gringos estão muito enganados se pensam que invadindo a Venezuela vão resolver o seu problema. Colocam a Venezuela em uma situação como a da Síria, só que com o agravante de arrastar a Colômbia junto”, afirmou o presidente colombiano Gustavo Petro.
A Casa Branca usa como alegação para o envio das forças militares o combate ao narcotráfico no país. No mês passado, Washington anunciou uma recompensa de US$ 50 milhões para informações que levem à prisão do presidente venezuelano Nicolas Maduro, acusando-o de chefiar uma organização de narcotráfico, sem qualquer prova.
Em reação, o país realizou um alistamento da população civil na Milícia Bolivariana obtendo a adesão de milhares de venezuelanos em defesa da sua soberania. A Venezuela denunciou a ofensiva norte-americana nas Nações Unidas, lembrando que “a América Latina e o Caribe foram declarados Zona Livre de Armas Nucleares por meio do Tratado de Tlatelolco de 1967, onde os Estados Unidos da América ratificaram o Protocolo II deste Tratado em 1971, comprometendo-se a respeitar integralmente a natureza desnuclearizada da região e a não usar ou ameaçar usar armas nucleares contra os Estados Partes”.























