‘Ameaça de guerra’: Cuba condena na ONU as agressões dos EUA no Caribe
Bruno Rodríguez, chanceler cubano, questionou pretexto do governo Trump, afirmando que 'ninguém nesta sala acredita' nas justificativas
O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, condenou neste sábado (27/09) a agressão perpetrada pelos Estados Unidos contra a Venezuela e países do Caribe, com um deslocamento militar injustificado sob o pretexto de combater o narcotráfico, durante seu discurso na 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).
Rodríguez questionou o pretexto do governo Trump de “combater o crime e o tráfico de drogas”, afirmando que “ninguém nesta sala acredita” nessa justificativa.
“A ameaça de guerra paira hoje no Mar do Caribe, com uma extraordinária e absolutamente injustificada mobilização ofensiva naval e aérea, com o uso de mísseis, veículos de desembarque e assalto e submarinos nucleares“, denunciou o chanceler cubano.
Ele também denunciou os ataques dos EUA a barcos não identificados e a interceptação de embarcações de pesca, bem como o “assassinato ou execução extrajudicial de civis”. Neste contexto, o chefe da diplomacia cubana reafirmou o apoio de Cuba à Venezuela
“As ações agressivas dos Estados Unidos criam uma situação perigosa que viola o direito internacional e ameaça a paz e a segurança regionais”.

Na ONU, Rodríguez criticou agressões dos EUA contra a América Latina e o Caribe
UN Photo / Loey Felipe
“Ditadura do algoritmo”
Durante seu discurso, o chanceler cubano criticou o avanço das grandes empresas de tecnologia, as chamadas big techs, e afirmou que hoje o mundo vive sob uma “ditadura do algoritmo”. Ele apontou que poucas empresas transnacionais exercem amplo controle sobre a consciência das pessoas.
“Vivemos também sob a dominação cultural e tecnológica de grandes transnacionais, sobretudo norte-americanas, que controlam sistemas operacionais, conteúdos e até o comportamento humano. Sofremos a ditadura do algoritmo”, afirmou.
Como solução, o ministro cubano defendeu regulação global sobre o funcionamento dessas empresas. “Cuba defende que a ONU estabeleça normas globais para regular tecnologias, em especial a inteligência artificial, aproveitando seus benefícios e reduzindo riscos.”
Rodríguez discursou logo após o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, e fez duras críticas ao que ele chamou de “corrida armamentista”.
O ministro cubano também prestou solidariedade à população de Gaza e defendeu que a solução para colocar fim ao genocídio promovido por Israel na região é uma atuação mais contundente da Assembleia Geral, afirmando que é dever da entidade reconhecer a existência do Estado Palestino.
“Se o Conselho de Segurança se mostra impotente devido ao veto dos EUA e não é capaz de cessar a barbárie, a Assembleia Geral tem o dever de adotar medidas concretas imediatas. No mínimo, deve declarar o direito inequívoco da Palestina a ser Estado-membro da ONU, com fronteiras anteriores a 1967, capital em Jerusalém Oriental e o direito de retorno dos refugiados”.
(*) Com Brasil de Fato e Telesur.























