Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Segundo informações de fontes diplomáticas divulgadas neste sábado (23/08), a embaixadora da Itália na França, Emanuela D’Alessandro, foi convocada pelo Ministério francês da Europa e das Relações Exteriores, para prestar esclarecimentos.

A embaixadora foi citada após declarações consideradas “inaceitáveis” do vice-primeiro-ministro italiano e líder do partido de extrema direita Lega, Matteo Salvini, contra presidente francês Emmanuel Macron por sua defesa de Kiev.

De acordo com as fontes, a embaixadora teria sido convocada pelo Ministério da Europa e das Relações Exteriores logo após declarações de Salvini durante uma visita à Milão esta semana, quando foi questionado sobre a possibilidade de enviar soldados italianos à Ucrânia, como França e Reino Unido já cogitaram fazer quando houver estabilidade no terreno.

Matteo Salvini sugeriu de maneira ríspida que Emmanuel Macron fosse pessoalmente à guerra. “Se quiser, vá você. Coloque seu capacete, seu colete, pegue seu fuzil e vá para a Ucrânia”, disse Salvini, dirigindo-se ao presidente francês.

Vice-premiê italiano Matteo Salvini sugeriu que presidente francês fosse pessoalmente à guerra: ‘pegue seu fuzil e vá’
Kasa Fue / Wikimedia Commons

O líder do partido anti-imigração Lega, aliado da líder da extrema direita francesa Marine Le Pen, já havia chamado o presidente francês de “louco” em março, acusando-o de empurrar a Europa para uma guerra com a Rússia.

França e Reino Unido, que lideram uma “Coalizão dos Voluntários”, consideram enviar contingentes à Ucrânia como uma garantia de segurança para evitar a retomada dos combates, caso um cessar-fogo ou acordo de paz seja firmado entre Kiev e Moscou. Por outro lado, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni se recusa a participar dessa iniciativa.

Embaixadora é alertada

Durante a convocação de Emanuela D’Alessandro, ocorrida ainda na quinta-feira (21/08), “foi lembrado à embaixadora” que as declarações de Salvini vão contra o clima de confiança e a relação histórica” entre Paris e Roma, além de relembrar os “recentes avanços bilaterais”, que evidenciaram fortes convergências entre as duas capitais, especialmente no apoio incondicional à Ucrânia, informou a fonte diplomática.

Matteo Salvini atua como vice-primeiro-ministro de Giorgia Meloni, acumulando o cargo de ministro dos Transportes na Itália, ao lado de Antonio Tajani, do partido de centro-direita Forza Italia, que é também vice-primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores.

Emmanuel Macron e Giorgia Meloni participaram nos últimos dias de várias reuniões sobre o conflito na Ucrânia, incluindo uma em Washington com os presidentes americano Donald Trump e ucraniano Volodymyr Zelensky.

Macron trabalha com outros líderes, como o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, para organizar o apoio à Ucrânia assim que um cessar-fogo for alcançado.