Chanceler russo acusa líderes europeus: ‘eles não querem paz’ na Ucrânia
Em entrevista à NBC, Sergei Lavrov disse que reunião trilateral não está descartada desde que 'realmente decida alguma coisa'
O chanceler da Rússia, Sergei Lavrov acusou neste domingo (24/08) os líderes da Europa Ocidental de não desejarem a paz na Ucrânia. Em entrevista à NBC, ele criticou a postura europeia e afirmou que Moscou quer paz e está aberta ao diálogo.
Lavrov também elogiou os esforços do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em torno de um cessar-fogo no enclave. “Nós queremos paz na Ucrânia. O presidente Trump quer paz na Ucrânia”, mas “a reação à reunião de Anchorage e à reunião em Washington desses representantes europeus, e o que eles fizeram depois de Washington, indica que eles não querem paz”, afirmou.
Lavrov se referiu ao encontro em Anchorage, no Alasca, entre Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, ocorrido no último dia 15 e ao encontro na Casa Branca entre o presidente dos Estados Unidos, líderes europeus e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, ocorrido na segunda-feira (18/08).
Ao contrário dos europeus, apontou o chanceler russo, Trump tem demonstrado abertura para atender às preocupações de segurança da Rússia e ao mesmo tempo buscar uma fórmula que atenda à Ucrânia.
Sobre o encontro entre Putin e Zelensky, bravateado por Trump, Lavrov disse que a proposta não está descartada “desde que essa reunião realmente decida alguma coisa”. Ele salientou que os esforços neste sentido ainda não foram feitos e que a “questão de quem vai assinar o acordo do lado ucraniano é muito séria”. “Precisaríamos de um entendimento muito claro de todos de que a pessoa que está assinando é legítima”, apontou.

Chanceler russo acusa líderes europeus: ‘eles não querem paz’ na Ucrânia
Twitter/MFA Russia
Territórios
“Não temos interesse em territórios. Temos o maior território da Terra”, frisou o chanceler russo, ao acrescentar que o objetivo de Moscou é “remover quaisquer ameaças à segurança da Rússia vindas do território ucraniano” e “proteger os direitos dos russos étnicos e das pessoas de língua russa que acreditam pertencer à cultura e à história russas” nestes territórios.
“A única maneira de protegê-los contra este regime nazista é dar-lhes o direito de expressar a sua vontade”, sublinhou, ao relatar que as autoridades ucranianas têm retratado os que votaram pela adesão desses territórios à Rússia, como terroristas. “A Ucrânia tem o direito de existir”, mas deve estar pronta para “deixar as pessoas irem embora”, observou.
Lavrov também disse que Putin deseja a paz e rejeitou as acusações de que Moscou teria atingido alvos civis. “Nossa inteligência tem informações muito boas e temos como alvo apenas empresas militares, instalações militares ou indústrias diretamente envolvidas na produção de equipamentos militares para o exército ucraniano”, disse.
Mísseis
A entrevista neste domingo aconteceu após a revelação do Wall Street Journal neste sábado de que o Pentágono vem impedido a Ucrânia de usar mísseis de longo alcance Atacms contra alvos em território russo.
O bloqueio, segundo o jornal, faz parte de uma estratégia do governo Trump para manter Putin engajado nas negociações. Fontes do Departamento de Defesa explicaram que existe um “mecanismo de revisão”, elaborado por Elbridge Colby, subsecretário de política do Pentágono, que limita o emprego de armamentos de longo alcance fornecidos pelos EUA ou aliados.
Pelo sistema, apenas o secretário de Defesa, Pete Hegseth, pode autorizar o uso desses mísseis. Duas autoridades disseram ao veículo que, em pelo menos uma ocasião, a Ucrânia tentou usar Atacms contra um alvo, mas foi negada























