Flotilha rumo a Gaza: brasileiro denuncia 'observação diária' de Israel e cita apoio do Itamaraty
João Aguiar revelou que tripulação é monitorada por drones e que Celso Amorim tem respaldado missão; expectativa é chegar ao enclave em 10 dias
“Israel tenta descredibilizar a gente, mas estamos preparados para a guerra psicológica que eles fazem, como também para os drones que sobrevoam a gente”, declarou nesta quinta-feira (18/09) o ativista João Aguiar, que coordena a delegação brasileira da Flotilha Global Sumud (GSF, na sigla em inglês), durante uma coletiva organizada pelo Núcleo Palestina do PT, em São Paulo, destinada a atualizar a situação da missão internacional.
Atualmente, a embarcação de Aguiar está ancorada no porto de Sicília, na Itália, devido ao mau tempo, e a expectativa é de chegar ao enclave dentro de “9 a 10 dias”. À imprensa, o ativista revelou que o regime sionista tem utilizado dois tipos de drones para sabotar a missão: o de observação e o de ataque.
“Os drones de observação são diários, passamos em todo momento à noite vendo vários sobrevoando”, relatou. “A gente não confia nem um pouco no que esse Exército de Israel pode fazer, então é importante que as nações se mobilizem, que denunciem , que nos dê proteção para que cheguemos com tranquilidade”.
Opera Mundi mencionou os comunicados publicados pelo governo brasileiro ao longo dos dias que expressam preocupação à segurança da flotilha e questionou sobre o respaldo que o Ministério das Relações Exteriores do Brasil tem dado ultimamente. Segundo Aguiar, o contato com o Itamaraty é “diário” graças ao auxílio fornecido também pelo Núcleo Palestina do PT, que intermedia a comunicação.
“No segundo ataque de drone, por exemplo, eu estava chegando em um dos barcos e avistei o aparato jogando uma bomba. Avisei o pessoal [do Núcleo do PT] imediatamente e, na mesma hora, os auxiliares do [assessor presidencial] Celso Amorim já me ligaram”, contou.

Centenas de tunisianos em Sidi Bou Said, perto de Túnis, recebem ativistas da Flotilha Global Sumud
Wikimedia Commons
Ao longo do último fim de semana, o Exército de Israel tem emitido vários anúncios de evacuação na Cidade de Gaza, o principal centro urbano do enclave que abriga cerca de um milhão de palestinos. Os alertas têm provocado uma migração forçada para o sul do território, onde os deslocados relatam superlotação e escassez de suprimentos básicos. Na segunda-feira (15/09), as forças israelenses lançaram uma ofensiva terrestre em larga escala contra a Cidade de Gaza, com uso de tanques, navios e aviões, com o objetivo declarado de controlar a região.
De acordo com Aguiar, já era esperado que o regime sionista fosse escalar cada vez mais seus ataques. “A gente tem sempre plano A, plano B, plano C, porque sabemos que o povo está sendo deslocado de todos os lados, a todo tempo”, disse, ressaltando que, assim que as embarcações da flotilha chegarem em Gaza, o Comitê Internacional “tem um esquema preparado para fazer o recebimento dessa ajuda”, que possibilitará a distribuição.
“Somos mais de 50 barcos, mas estamos levando muitas coisas. Claro, não é suficiente para acabar com os problemas. Mas nossos objetivos são três: além de levar ajuda humanitária, de abrir o corredor humanitário, e de avisar Israel de que o mundo não concorda que ele está fazendo. Esse é o papel do ativista. É bater, bater, bater, bater para o inimigo saber que não vamos parar. Não vamos parar enquanto não acabar esse genocídio”, afirmou.
A GSF inclui cerca de 50 navios, e conta com a participação de mais de 800 ativistas de 44 países, incluindo uma delegação brasileira. Nas embarcações, também estão personalidades conhecidas como a ambientalista sueca Greta Thunberg e o ativista brasileiro Thiago Ávila, assim como políticos brasileiros e de outros países europeus.
Nos últimos meses, Israel interceptou barcos humanitários com destino a Gaza, prendeu e deportou seus tripulantes. Com o mundo de olho na missão humanitária, trata-se da primeira vez que uma flotilha com tantas embarcações consegue partir rumo ao enclave, resistindo às agressões coordenadas pelo regime sionista.























