Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Autoridades europeias alertaram Israel contra as ameaças do país de  intensificar a anexação da Cisjordânia ocupada, em retaliação ao reconhecimento internacional do Estado palestino por países como Reino Unido, Austrália, Canadá, Portugal e França.

Neste domingo (21/09), o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que o reconhecimento do Estado palestino “recompensa o terrorismo do Hamas” e prometeu ampliar os assentamentos na Cisjordânia, referindo-se à região como “Judeia e Samaria”.

O ministro de Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, publicou na plataforma X que “a única resposta a esse movimento anti-Israel é a soberania sobre a pátria histórica do povo judeu na Judeia e Samaria e a remoção permanente da loucura de um Estado palestino da agenda”. Disse ainda que “os dias em que a Grã-Bretanha e outros países determinariam nosso futuro acabaram”.

Em resposta, a secretária britânica de Relações Exteriores, Yvette Cooper afirmou que o Reino Unido alertou Tel Aviv de que “eles não devem fazer isso”. A declaração foi dada durante uma entrevista da autoridade à BBC, nesta segunda-feira (22/09).

“Fomos claros que esta decisão que estamos tomando é sobre a melhor maneira de respeitar a segurança de Israel, bem como a segurança dos palestinos. Trata-se de proteger a paz e a justiça e, crucialmente, a segurança para o Oriente Médio, e continuaremos a trabalhar com todos em toda a região para poder fazer isso”, afirmou Cooper.

Autoridades advertiram governo Netanyahu após ameaças de intensificação da ocupação na Cisjordânia
Wikimedia Commons/Кабінет Міністрів України

Alemanha e Emirados Árabes

A agência catari Al Jazeera informou que o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadphul, também advertiu Israel sobre a questão, afirmando que não deve mais haver anexações no território. Antes de embarcar para Nova York, o chanceler reiterou a posição germânica de não reconhecerá o Estado da Palestina até que israelenses e palestinos negociem uma solução de dois Estados.

Entretanto, Wadphul ponderou: “para a Alemanha, o reconhecimento de um Estado palestino vem mais no final do processo, mas ele deve começar agora (…) Uma solução negociada de dois Estados é o caminho que pode permitir que israelenses e palestinos vivam em paz, segurança e dignidade”.

Outro país que se manifestou, destaca o Financial Times, foram os Emirados Árabes Unidos. A nação árabe classificou o avanço da ocupação no território como a ultrapassagem de uma “linha vermelha”, o que encerraria os esforços diplomáticos para integrar Israel à região do Oriente Médio. No começo do mês, o país já havia se manifestado de que qualquer anexação da Cisjordânia ocupada configuraria uma violação inaceitável aos Acordos do Abraão.

Reportagem do Financial Times também destaca que as autoridades da União Europeia estudam medidas caso o plano avance. Entre elas, constam restrições ao comércio com assentamentos na Cisjordânia, sanções adicionais a colonos violentos e até mesmo a adoção da condenação de Israel por “violação do direito internacional” emitida pelo Tribunal Internacional de Justiça da ONU.

Nas últimas 24 horas, pelo menos 61 palestinos foram mortos; 31 deles apenas na manhã desta segunda-feira (22/09), totalizando, segundo autoridades de saúde, 65.344 vítimas dos ataques israelenses ao longo de quase dois anos de bombardeiros diários.