Quinta-feira, 11 de dezembro de 2025
APOIE
Menu

A imprensa francesa dá amplo destaque ao início oficial da campanha eleitoral no Brasil. Reportagens nas rádios, em canais de TV, jornais e sites de informação analisam principalmente a disputa à presidência, focalizada entre o ex-presidente Lula, que tenta voltar ao poder, e Jair Bolsonaro, disposto a conquistar um novo mandato.             

Para o jornal Le Monde, “Lula entra em campanha para tirar Bolsonaro da presidência”. O petista, que disputa o cargo pela sexta vez, faz uma campanha de centro, na esperança de vencer o candidato da extrema direita, que ainda é muito “popular entre os evangélicos”, afirma a publicação.

A agência AFP apresenta o petista como uma fênix, o pássaro lendário da mitologia grega que morre, mas depois de algum tempo renasce das próprias cinzas. “Lula ainda é visto como ‘próximo do povo’ e é muito querido, principalmente em áreas pobres do Nordeste”, escreve a agência de notícias. “Mas também é ferozmente odiado por alguns brasileiros para quem ele é a encarnação da corrupção. Foi sobre o ódio ao PT que Jair Bolsonaro foi eleito em 2018”, recorda a AFP

O site da corretora de valores Bourse Direct afirma que após um mandato de quatro anos, marcado por crises sucessivas, “Bolsonaro não perdeu o gosto pela provocação”. O texto recorda que ele foi eleito em 2018 com o apoio de lobbies poderosos, entre estes o dos evangélicos e do agronegócio. Desta vez, embora atrás de Lula nas pesquisas de intenção de voto, o líder da extrema direita busca a reeleição com um amplo programa de ajuda social, informa essa mídia especializada no mercado financeiro. 

   

Le Monde diz que 'Lula entra em campanha para tirar Bolsonaro da presidência' enquanto AFP apresenta o petista como uma fênix

Lula enfrenta concorrência no segmento popular 

O site de jornalismo investigativo Médiapart publica uma reportagem realizada em Natal e Caetés, no Nordeste, explicando por que Lula permanece uma força política “incontestável” no Brasil. “O ex-chefe de Estado brasileiro, de 76 anos, continua sendo a figura central do Partido dos Trabalhadores e de todo o campo progressista. Esta hegemonia se deve a sua carreira, suas políticas sociais, mas também à preservação das práticas políticas do país”, escreve o repórter Jean-Mathieu Albertini. 

Pela primeira vez, no entanto, Lula não é mais o único candidato que se diferencia da elite política dominante. “Embora Bolsonaro não tenha experimentado a mesma miséria, ele vem de um passado pobre e de uma região negligenciada”, relata o jornalista francês. Bolsonaro, “por meio de sua maneira de falar e de uma estratégia de comunicação bem rodada, conseguiu cultivar a imagem de um homem simples e autêntico entre parte da população”, explica. “O fenômeno novo desta campanha é que Lula não está sozinho neste nicho”, assinala o cientista político André Singer, entrevistado pelo Médiapart

Temor da violência

No Reino Unido, The Guardian diz que a campanha é lançada em meio a temores de violência e distúrbios. O jornal relata que bolsonaristas atacaram dois atos políticos de Lula nas últimas semanas, jogando fezes e urina contra os militantes petistas, em Uberlândia, e explosivos no Rio. “Políticos e observadores temem que a violência política só aumente até 2 de outubro”, destaca o texto. 

Em Portugal, o jornal Público prevê uma campanha dura, “de embate mais do que debate, pela escalada da guerra de rejeições, movida por ódio, ressentimento e intransigência”.