Entre preocupação e entusiasmo: imprensa francesa analisa campanha de Lula para o segundo turno
Petista, líder nas pesquisas de intenção de voto ante Jair Bolsonaro, tem recebido apoios importantes, mas resultados do primeiro turno preocupam simpatizantes da candidatura progressista
Dois grandes jornais franceses, o Le Monde e o diário econômico Les Echos, analisam nesta terça-feira (11/10) a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o segundo turno. O petista, líder nas pesquisas de intenção de voto ante Jair Bolsonaro, tem recebido apoios importantes, mas os resultados do primeiro turno preocupam simpatizantes da candidatura progressista.
O Partido dos Trabalhadores deve adaptar sua estratégia, se quiser garantir a vitória em 30 de outubro, escreve o Le Monde. Em reportagem no Rio de Janeiro, o correspondente do jornal francês no Brasil constatou a decepção dos eleitores que votaram em Lula e acreditavam na vitória no primeiro turno. A diferença de apenas 5% à frente de Bolsonaro é vivida com tristeza e grande preocupação pela militância petista.
As alianças concluídas com Simone Tebet (MDB) e o PDT, de Ciro Gomes, eram necessárias, mas não bastam. Nos próximos dias, Lula precisará conquistar eleitores de centro e de direita. Na avaliação do Le Monde, o petista terá de detalhar medidas destinadas a garantir a estabilidade fiscal e atrair evangélicos com posicionamentos conservadores.

Twitter/Lula (Foto de Ricardo Stuckert)
Partido dos Trabalhadores deve adaptar sua estratégia, se quiser garantir a vitória em 30 de outubro, escreve ‘Le Monde’
Conquistar o eleitorado evangélico é, aliás, a tarefa mais complicada. Por isso, apesar do desagrado provocado em parte da esquerda progressista, Lula declarou novamente que era contra o aborto na última sexta-feira (07/10), relata a reportagem. O petista se prepara com afinco para o debate de 16 de outubro, uma vez que seu desempenho, comparado ao de Bolsonaro, foi considerado decepcionante, acrescenta o Le Monde.
Tebet: apoio decisivo?
Em tom um pouco mais otimista, o diário econômico Les Echos diz que Lula recebeu o apoio de economistas importantes, como Armínio Fraga e Octavio de Barros. Fraga, ex-presidente do Banco Central no governo de Fernando Henrique Cardoso, declarou apoio ao petista por considerar a política econômica de Bolsonaro “um fracasso”. O investidor também nota um crescimento de movimentos autocráticos no mundo, que pouco a pouco deterioram a qualidade da democracia.
Já Octavio de Barros, fundador do think tank República do Amanhã, acusa Bolsonaro de copiar no Brasil o modelo de governo adotado pelo primeiro-ministro da Hungria, o ultraconservador Viktor Orbán. Segundo Barros, nos últimos quatro anos, as instituições brasileiras foram enfraquecidas e a democracia brasileira foi corroída por dentro.
Bolsonaro aposta no apoio de governadores aliados ao PL para ser reeleito no segundo turno, explica o diário econômico francês. Porém, o cientista político Claudio Couto, da FGV, entrevistado pelo Les Echos, acredita que o apoio de Simone Tebet a Lula é ainda mais valioso em termos de migração de votos.























