Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou nesta quinta-feira (06/11) em Belém, no Pará, o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), uma proposta chefiada pelo Brasil que prevê remunerar os países pela conservação de suas florestas tropicais. Anunciado às margens da COP30, o fundo pretende alcançar inicialmente US$ 25 bilhões (R$ 134 bilhões) com as adesões dos países e chegar a US$ 125 bilhões (R$ 668 bilhões) com o capital privado.

De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na tarde desta quinta-feira, o TFFF já havia alcançado 50% da meta de captação de US$ 10 bilhões (R$ 53,6 bilhões) estabelecida pelo governo até 2026, ano em que se encerra a Presidência brasileira da COP.

Mais cedo, quando anunciou o fundo, o petista enfatizou que o TFFF se trata de uma iniciativa inédita e que colocará as nações do Sul Global, pela primeira vez, em uma posição de protagonismo em uma agenda de florestas.

“As florestas tropicais cumprem uma função essencial para o enfrentamento à mudança climática. Elas retêm carbono, garantem fluxos hídricos e protegem a biodiversidade. Sem elas não temos água para beber e nem para plantar. Quando a destruição das florestas atingirem pontos irreversíveis, serão sentidos nos quatro cantos do mundo. As florestas valem mais em pé do que derrubadas”, disse Lula.

O chefe de Estado explicou que a função será “complementar aos mecanismos que pagam pela redução de emissões de gases de efeito estufa”.

“Suas instâncias decisórias vão corrigir antigas assimetrias e contarão com a presença, em pé de igualdade, de países investidores e de países de florestas tropicais. Todo os anos, o monitoramento por satélite tornará possível identificar se os países estão respeitando a meta de manutenção do desmatamento abaixo de 0,5%”, declarou.

O TFFF prevê que cada país possa receber até US$ 4 por hectare preservado. “Parece modesto, mas estamos falando de 1,1 bilhão de hectares de florestas tropicais distribuídos em 73 países em desenvolvimento”, complementou Lula. O Brasil foi o primeiro país a anunciar um investimento de US$ 1 bilhão (R$ 5,36 bilhões) no fundo. 

Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva lança Fundo de Florestas Tropicais para Sempre TFFF) às margens da COP30, em Belém
Bruno Peres/Agência Brasil

Noruega, Portugal e França anunciam investimentos

Depois do Brasil e da Indonésia, que anteriormente se comprometeu ao valor de US$ 1 bilhão assim como o governo Lula, países como Noruega, Portugal e França foram os seguintes a aderirem ao Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF).

O primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Store, anunciou a disposição de fornecer US$ 3 bilhões (R$ 16.2 bilhões) ao longo de dez anos, sendo este o maior aporte anunciado até o momento.

“A ideia por trás do mecanismo é tão simples quanto brilhante: países com florestas tropicais que mantiverem uma taxa de desmatamento abaixo de 0,5% poderão receber uma parte dos rendimentos do fundo. Assim, podemos criar juntos uma fonte de receita permanente para países que mantêm suas florestas em pé, em vez de derrubá-las”, afirmou o ministro do Meio Ambiente da Noruega, Andreas Bjelland Eriksen.

A França disponibilizará € 500 milhões (RS$ 2,68 milhões). Por sua vez, Portugal prometeu uma contribuição inicial no valor de € 1 milhão (R$ 6.2 milhões).

“Decidimos integrar os países fundadores deste movimento que vai criar o fundo para a proteção da floresta tropical”, disse o primeiro-ministro português Luís Montenegro na Cúpula do Clima. “Tudo o que fizermos a favor da preservação da biodiversidade e dos ecossistemas terá repercussão em nossas vidas”.

O Brasil já anunciou que destinará US$ 1 bilhão para o TFFF. De acordo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “é uma lógica de ganha-ganha no enfrentamento à mudança do clima”, já que a iniciativa remunerará tanto os países que conservarem suas florestas tropicais quanto os próprios investidores do fundo.

O TFFF já tem cerca de 50 apoios políticos, mas que até o momento não conseguiram angariar grandes investimentos financeiros. Na lista de 47 diplomacias estão, por exemplo, Alemanha, Antígua e Barbuda, Áustria, Armênia, Dinamarca, Emirados Árabes Unidos, Irlanda, Japão, México, Mianmar, República Democrática do Congo, União Europeia, Países Baixos e Noruega, entre outros. O documento segue aberto para novas assinaturas.

(*) Com Ansa