Trump reitera pela terceira vez sua disposição de dialogar com o presidente Maduro
Apesar de aceno para conversa, presidente continua acusando Venezuela de ter enviado 'toda a sua população carcerária' para os Estados Unidos
Pelo terceiro dia consecutivo, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou estar “aberto” a negociações com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em meio à crescente ameaça representada pela presença militar dos EUA no Caribe, que mina a soberania da Venezuela e da região latino-americana como zona de paz.
“Ele quer conversar. Estou aberto a conversar com ele. Eu converso com todo mundo”, declarou Trump na Casa Branca durante uma reunião com o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, respondendo a perguntas de repórteres sobre o assunto.
No entanto, o presidente dos EUA reiterou acusações infundadas contra a Venezuela, alegando que o país sul-americano enviou “toda a sua população carcerária” para os EUA — criminalizando sistematicamente a emigração venezuelana — e continua a enviar drogas para o seu país, uma narrativa sem fundamento, visto que a maior percentagem de drogas que saem da América do Sul para a nação do norte provém de países com litoral no Pacífico, como a Colômbia, o Equador e o Peru.
Trump argumentou que Maduro “estava lidando com um presidente ruim [Joe Biden] e saiu impune”, contrastando isso com seu governo atual. O presidente dos EUA enfatizou que agora eles têm “as fronteiras mais seguras do mundo” e alertou que “ninguém entra a menos que o faça legalmente. Nós os impediremos”.

Essas declarações surgem depois de Trump ter indicado, na segunda-feira (17), que conversaria diretamente com Maduro
Official White House / Daniel Torok
Essas declarações surgem depois de Trump ter indicado, na segunda (17/11) e no domingo (16/11), que falaria diretamente com o presidente Maduro enquanto avaliava uma decisão sobre possíveis ataques contra a Venezuela, conforme já havia relatado anteriormente.
Entretanto, essa reiterada disposição para o diálogo coincide com o maior destacamento militar dos EUA no Caribe em décadas, sob a operação denominada Southern Spear. O porta-aviões USS Gerald R. Ford, o mais avançado e caro da frota americana, chegou às águas caribenhas neste domingo (16), acompanhado por destróieres de mísseis guiados, fragatas e esquadrões de aeronaves de quinta geração.
O governo Trump justifica a operação como uma medida contra o narcotráfico, embora governos da região e analistas apontem que sua retórica reflete uma intenção de reviver a Doutrina Monroe e se apropriar dos recursos da Venezuela.
Nesse contexto, a Marinha dos EUA realizou ataques no Mar do Caribe e no Pacífico Oriental, resultando na morte de mais de 80 pessoas e em danos a aproximadamente 20 embarcações. A ONU reconheceu essas operações como execuções extrajudiciais e violações do direito internacional.
Entretanto, tropas do Comando Sul dos EUA e da Força de Defesa de Trinidad e Tobago (TTDF) anunciaram exercícios militares conjuntos entre 16 e 21 de novembro, justificados pela nação caribenha como uma medida contra o crime organizado.
O governo venezuelano já havia alertado que o destacamento militar dos EUA em Trinidad e Tobago poderia ser usado como plataforma para ameaçar sua soberania territorial, sob o pretexto de combater o narcotráfico. A distância entre os dois países sul-americanos é de aproximadamente 11 quilômetros em seu ponto mais próximo.























