Sábado, 6 de dezembro de 2025
APOIE
Menu

O governo do primeiro-ministro Sébastien Lecornu sobreviveu, por pouco, ao voto de desconfiança realizado nesta quinta-feira (16/10) na Assembleia Nacional da França. Um total de 271 parlamentares votaram pela derrubada do governo, número inferior à maioria necessária de 289 votos, expondo a fragilidade política do presidente Emmanuel Macron.

Lecornu contou com o apoio dos deputados do Partido Socialista (PS) contra a moção apresentada pela coalizão de esquerda a França Insubmissa (LFI). Apenas sete dos 69 socialistas votaram pela destituição. Entre os republicanos conservadores, apenas um dos 50 legisladores rompeu com a orientação de não apoiar a censura.

Para evitar a derrota, Lecornu prometeu ao PS a revisão da impopular reforma da Previdência de Macron, adiando-a para depois das eleições presidenciais de 2027. A proposta, defendida pelo governo francês, eleva gradualmente a idade mínima de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030.

Agora, o premiê francês terá de aprovar, em um Parlamento profundamente dividido, o orçamento para 2026, que vem promovendo ondas de protesto em todo o país. Aos jornalistas, após a votação, Lecornu disse brevemente: “vamos trabalhar!”

Premiê francês sobrevive a voto de desconfiança na Assembleia Nacional
Reprodução vídeo / Governo Francês – X Sebastién Lecornu

‘Salvo por pouco’

Outra segunda moção de desconfiança, proposta pelo partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN), de Marine Le Pen, recebeu 144 votos, bem abaixo do necessário para derrubar o governo. A votação teve menos adesão devido à decisão da LFI de não participar da iniciativa da extrema direita.

A oposição promete novas moções de desconfiança se o governo não fizer concessões durante as negociações orçamentárias previstas para as próximas semanas. “Estamos lançando um apelo solene à resistência popular e parlamentar para continuar lutando contra esses orçamentos cruéis”, declarou Mathilde Panot, presidente do LFI. “Lecornu e Macron estão em tempo emprestado. Mais cedo ou mais tarde, o Presidente da República terá de sair”, afirmou.

O líder da LFI, Jean-Luc Mélenchon, também reagiu. “Hoje, a moção de censura defendida pelos parlamentares rebeldes, ecologistas e comunistas não foi adotada pela Assembleia Nacional. Foi por um triz. É hora de resistência popular e parlamentar”, apontou, ao lembrar que por apenas 18 votos, a censura foi rejeitada. “O bloco central desapareceu. Macron for salvo por pouco”, escreveu na plataforma X.