Premiê francês se reúne com sindicalistas e patrões; greve geral está agendada para quarta-feira (18)
Após reunião, Sophie Binet, líder da CGT, criticou inércia do governo e disse que se não houver revogação da reforma previdenciária, Sébastien Lecornu 'irá cair'
O premiê francês Sébastian Lecornu está promovendo uma série de encontros as centrais sindicais e organizações patronais na França. Na próxima quinta-feira (18/09), os franceses programam uma nova greve-geral, na esteira dos protestos e mobilizações que estão acontecendo no país contra as medidas de austeridade prevista no plano orçamentário do governo Macron.
Após as conversas com as centrais francesas CFDT e Medf na última sexta-feira (13/09), Lecornu se reuniu nesta manhã (15/09) com a secretária-geral da Confederação Geral do Trabalho (CGT), Sophie Binet. Na saída do encontro, ela afirmou não haver mudanças concretas na discussão sobre o orçamento de 2026, apesar das promessas do novo premiê de romper com a gestão do seu antecessor, François Bayrou.
Binet saudou a não redução dos feriados no país, mas disse não ter recebido garantias de que não haverá nova reforma do seguro-desemprego e criticou o plano do governo de cortar 3.000 postos no serviço público, além do aumento das franquias médicas. Em sua avaliação, a conversa com Lecornu “confirma mais do que nunca a necessidade de mobilização no dia 18 de setembro”.
Aos jornalistas, destaca Le Monde, Binet afirmou que “além da abolição dos dois feriados”, o novo premiê francês “não desistiu de nada no museu dos horrores que Emmanuel Macron havia planejado em seu projeto de orçamento”. Disse também ter colocado como primeira exigência de “ruptura” em relação a Bayrou, a revogação da reforma da Previdência.
A medida elevou a idade mínima de aposentadoria para 64 anos. Segundo Binet, trata-se de “uma ferida democrática e social na origem da atual instabilidade política”. “Se não houver revogação dessa reforma, o governo dele, como os anteriores, vai cair”, afirmou aos jornalistas após sair do encontro.

Sébastien Lecornu
Departamento de Defesa dos EUA / Wikimedia Commons
Atritos
Na sequência, Lecornu recebeu os representantes da CFTC; e, nesta tarde, ele se reunirá com representantes das organizações patronais CPME e U2P. O Force Ouvrière (FO), por sua vez, preferiu não participar do encontro antes da mobilização do dia 18 de setembro, quando os trabalhadores franceses voltarão às ruas.
Na próxima quarta-feira (17/09), destaca o jornal francês Libération, Lecornu irá se reunir com representantes do Partido Socialista (PS), cuja posição é considerada crucial para a aprovação do orçamento de 2026. O plano precisa ser apresentado ao Parlamento até meados de outubro e a legenda socialista demanda um esforço fiscal menor que o planejado por Bayrou.
O PS também pressiona por um imposto sobre grandes fortunas, inspirado na proposta do economista Gabriel Zucman, de 2% sobre ativos acima de 100 milhões de euros. Lecornu, por sua vez, declarou-se contrário à ideia, especialmente à taxação de patrimônios profissionais,. Ele argumenta que “a riqueza dos ultra-ricos é essencialmente em ações” e que o tributo poderia afetar investimentos e empregos.
A manifestação programada pelas centrais acontece na próxima quinta-feira (18/09).























