Na ONU, Netanyahu nega genocídio e promete 'terminar serviço' em Gaza
Premiê israelense negou que haja fome no enclave e justifica assassinato de civis para 'minimizar vítimas'; delegações boicotaram discurso
Em sessão esvaziada pelo boicote de dezenas de delegações no plenário das Nações Unidas, o premiê israelense Benjamin Netanyahu foi o primeiro a discursar na 80ª. Assembleia Geral da ONU nesta sexta-feira (26/09).
Em sua fala, Netanyahu negou o genocídio que promove há dois anos contra o povo palestino e a fome na região, denunciada em vídeos, reportagens e estudos de organismos internacionais. “Israel é sempre acusado de fome deliberada em Gaza, quando na verdade está alimentando o povo de Gaza”, disse.
Sem citar o bloqueio de ajuda humanitária, afirmou que desde o começo dos ataques foram enviados mais de 2 milhões de toneladas de comida e ajuda: “uma tonelada de ajuda para cada homem e mulher em gaza, quase 3 mil calorias por pessoa por dia”. E acusou o Hamas pela fome: “se os palestinos não tem o suficiente, é porque o Hamas está roubando, escondendo e vendendo a preços exorbitantes para alimentar a máquina de guerra”.
Sobre o genocídio, denunciado pelas lideranças mundiais nos pronunciamentos anteriores, disse ser uma “acusação falsa”. “Israel é acusado de usar civis de forma deliberada como alvo, o oposto é o verdadeiro […], por causa do que estamos fazendo, a proporção de combatentes e não combatentes é menos de 2 para 1 em Gaza. É uma proporção muito baixa”, afirmou.
Mencionando o ataque do Hamas em 7 de outubro, o premiê israelense disse que o pais “fez o que qualquer nação com auto respeito faria após um ataque tão selvagem”. Em dois anos de ataques israelenses, incluindo o uso da fome como arma de guerra, mais de 65 mil palestinos foram mortos.

Na ONU, Netanyahu mente sobre genocídio e promete ‘terminar serviço’ em Gaza
Reprodução vídeo / ONU
‘Terminar o serviço’
Netanyahu afirmou ter “despachado ondas de terroristas do Hamas, que entraram em Israel em 7 de outubro e cometeram atos selvagens inimagináveis”, e que os integrantes do grupo ainda estão escondidos em Gaza. “Devemos terminar nosso trabalho o mais rápido possível”, afirmou.
“Se o Hamas concordasse com nossas exigências, a guerra acabaria agora. Gaza seria desmilitarizada, Israel tomaria controle da segurança e autoridade pacífica seria estabelecida pelo povo de Gaza e outros comprometidos com a paz de Israel”, acrescentou.
Ele mencionou os ataques aos países do Oriente Médio. Disse ter acabado com os programas de misseis balísticos do Irã: “Trump e eu prevenimos e cumprimos promessa de que o Irã suspendesse desenvolvimento nuclear”, chamando o programa nuclear do país de “nuvem sombria que podia acabar com milhares de vidas”.
Defendeu a eliminação dos estoques de urânio do Irã e pediu sanções do Conselho de Segurança da ONU contra o país, “elas devem ser trazidas de volta”.
O premiê israelense afirmou que o Líbano estava “aterrorizando nossos cidadãos”; e que na Síria “o ditador assassino Assad estava apertando mais as nossas gargantas”. Afirmou que mais da “metade da liderança dos houthis do Iêmen acabou” e que “as milícias do Iraque estão agora reduzidas”; não sem ameaças: “se atacarem Israel, eles também vão acabar”.
‘Inimigos’
Em seu discurso, Netanyahu apostou na ideia de um inimigo comum contra o Ocidente. Disse que Donald Trump entende melhor do que qualquer outro líder que Israel e os EUA enfrentam “uma ameaça em comum”. “Nossos inimigos são seus inimigos. Nossos inimigos odeiam a todos nós com veneno igual. Eles querem arrastar o mundo moderno de volta a uma era sombria de violência, fanatismo e terror”, afirmou.
Netanyahu tentou desacretidar as contundentes falas contra seu governo dizendo que nos bastidores “muitos líderes que publicamente nos condenam, de forma privada, nos agradecem”. E criticou lideranças que “acabaram cedendo à pressão de uma mídia enviesada dos parceiros dos regimes islâmico radicais e dos antissemitas”.
“Vocês nos condenaram, lançaram sanções contra nós e fizeram uma guerra política ilegal. É um indiciamento contra vocês”, reiterou, não sem antes reclamar que “o apoio dos países logo após o 7 de outubro evaporou rapidamente”.























