Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Dados de testagem para o coronavírus, apresentados pelo Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, contêm uma distorção que pode estar afetando diretamente a medição de infectados pela covid-19 no país, segundo levantamento da revista The AtlanticDe acordo com a publicação, o CDC está combinando, no mesmo número, o resultado de testes de carga viral e o de testes de anticorpos. 

O primeiro exame é utilizado para o diagnóstico de infecções atuais, ou seja, testa se uma pessoa está ou não com a covid-19. No segundo, é realizada uma testagem sanguínea que localiza sinais se a pessoa já foi infectada em algum momento da pandemia – ou seja, se o resultado deste teste (que é menos preciso) der negativo, significa que a pessoa provavelmente nunca foi exposta ao vírus.

Em resumo, ao se juntar o número, fica impossível de saber, na prática, o estado real da pandemia – quantas já tiveram o vírus e estão curadas, quantas não tiveram, e o número total de testes.


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O problema, segundo a revista, é que Estados do país estão utilizando estes números para decidir sobre a reabertura das atividades no pós-quarentena, e a imprecisão deles pode levar a decisões potencialmente perigosas.

De acordo com The Atlantic, órgão combinou resultados de testes virais e de anticorpos em um mesmo documento

Bruno Concha/Secom

CDC combinou os resultados de teste virais e de anticorpos em um mesmo documento

Segundo o diretor de saúde global de Harvard, Ashish Jha, a decisão do CDC de juntar os resultados os tornou “ininterpretáveis”. “O teste viral é para entender quantas pessoas estão sendo infectadas, enquanto o teste de anticorpos é como olhar no espelho retrovisor. Os dois testes são sinais totalmente diferentes”, afirmou à revista.

A publicação afirma que alguns estados estão realizando a mesma forma de métrica, juntando os dois resultados. Pensilvânia, Texas e a Geórgia, por exemplo, têm uma alta taxa de testes realizados e com resultados negativos, justamente porque combinam os dois resultados. 

“Esses resultados prejudicam a capacidade do público de entender o que está acontecendo em qualquer estado. Em uma escala nacional, eles questionam a força da resposta norte-americana ao coronavírus”, diz a revista.

Os Estados Unidos permanecem em primeiro do mundo com maior número de casos confirmados. Segundo o mapa da Universidade Johns Hopkins, há 1.562.714 de norte-americanos infectados e 93.863 mortes em decorrência da covid-19.