Sábado, 6 de dezembro de 2025
APOIE
Menu

Israel anunciou nesta quarta-feira (20/08) a expansão de sua ofensiva militar contra a Cidade de Gaza, mesmo diante de forte condenação internacional às suas ações tanto no enclave palestino quanto na Cisjordânia.

Milhares de palestinos têm deixado a região diante da iminência da ofensiva, agravando o cenário de fome e destruição. As forças israelenses intensificaram os bombardeios nos bairros de Sabra e Tuffah. Nesta manhã, pelo menos 70 pessoas, incluindo 18 requerentes de ajuda, foram mortos e 356 feridos em ataques israelenses em Gaza nas últimas 24 horas,

O porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF), Effie Defrin, afirmou que o país entrou na segunda fase da chamada “Operação Carruagens de Gideão”, lançada em maio, com o objetivo de enfraquecer a resistência do Hamas na região.

O Hamas reagiu ao anúncio, acusando Israel de “desprezo flagrante” às tentativas de mediação de um cessar-fogo e de um acordo de libertação de reféns em curso. A operação, alertou o grupo de resistência, ameaça quase um milhão de moradores e deslocados que se encontram na Cidade de Gaza.

A ordem partiu diretamente do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que pediu a redução dos prazos para o controle da região. A convocação de 60 mil novos reservistas para a ofensiva em Gaza — o maior chamado dos últimos meses —, gerou forte pressão dentro do país. Famílias de reféns, ex-chefes militares e centenas de milhares de manifestantes têm exigido um cessar-fogo imediato.

Cisjordânia

Paralelamente, Israel aprovou a construção de um novo bloco de assentamentos na Cisjordânia, na área conhecida como E1, entre Jerusalém e Maale Adumim. O projeto, defendido pelo ministro das Finanças Bezalel Smotrich, prevê 3.400 novas casas e tem como objetivo, segundo ele próprio, inviabilizar a criação de um Estado palestino contíguo.

O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, classificou a recente aprovação de um novo bloco de assentamentos ilegais no território ocupado como uma “violação flagrante do direito internacional” e um golpe à solução de dois Estados.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que a expansão do assentamento colocaria fim às esperanças de uma solução de dois Estados. “A decisão das autoridades israelenses de expandir a construção de assentamentos ilegais, que dividirão a Cisjordânia, deve ser revertida. Qualquer construção de assentamento é uma violação do direito internacional”, disse em meio à Conferência de Desenvolvimento Africano realizada no Japão.

Ele também reiterou que é “vital” alcançar um cessar-fogo imediato no território da Faixa de Gaza e a libertação incondicional de todos os cativos, bem como “evitar a morte e destruição em massa que uma operação militar contra Gaza inevitavelmente causaria”.

O governo jordaniano trouxe forte repúdio nesta quarta-feira (20/08) às medidas de Israel, acusando o país de provocar “massacres e fome” e de ‘matar todas as perspectivas de paz no Oriente Médio’ . O presidente francês, Emmanuel Macron, também alertou para o risco de “um verdadeiro desastre” que pode levar a um estado permanente de guerra no Oriente Médio. A Alemanha, por sua vez, questionou a eficácia da ofensiva para alcançar um cessar-fogo ou a libertação dos reféns.

Milhares de palestinos têm deixado a região diante da iminência da ofensiva, agravando o cenário de fome e destruição
UNRWA

Ataques

De acordo com o Ministério da Saúde do enclave, foram registradas duas mortes “devido à fome e desnutrição nas últimas 24 horas”, elevando o número total de mortes de causas relacionadas à inanição para 271, incluindo 112 crianças.

Já o número total de pessoas assassinadas enquanto buscavam alimentos e suprimentos desde 27 de maio, quando Israel introduziu um novo mecanismo de distribuição de ajuda por meio da Fundação Humanitária de Gaza (GHF), chegou a 2.036, com mais de 15.064 feridos.

Segundo o Escritório de Mídia do Governo de Gaza apenas 250 caminhões de ajuda chegaram ao enclave nos últimos três dias, a maioria dos quais foi saqueada. Isso está muito abaixo dos 1.800 caminhões esperados durante esse período. Além disso, informa o escritório, as restrições israelenses continuaram a bloquear o transporte de “alimentos vitais”, incluindo ovos, carne vermelha, peixe, laticínios, vegetais e suplementos nutricionais.