Ultranacionalista que ameaçou correspondente de Opera Mundi é detido em Portugal
Ativista é defensor do partido de extrema direita Chega e chegou a oferecer 100 mil euros ‘pela cabeça’ da jornalista Stefani Costa
A Polícia Judiciária de Portugal anunciou nesta terça-feira (21/10) a prisão do militante ultranacionalista Bruno Silva, acusado de ameaçar de morte a jornalista brasileira Stefani Costa, correspondente de Opera Mundi em Lisboa.
Segundo a CNN Portugal, a detenção do extremista de direita foi realizada em operação da Unidade de Contraterrorismo da Polícia Judiciária.
As investigações sobre o caso mostraram que Silva mantinha perfis em diferentes redes sociais nos quais difundia conteúdo com clara apologia ao nazismo e com ataques a imigrantes: além de brasileiros, também apontava contra oriundos de países africanos.
Em uma dessas publicações, no último dia 11 de setembro, Silva fez um ataque aos imigrantes brasileiros em geral e à jornalista Stefani Costa em particular.
Em sua conta na rede social X, o extremista disse estar “oferecendo um dos meus apartamentos no centro de Lisboa, avaliado em média em 300 mil euros, a quem realizar um massacre e exterminar pelo menos 100 brasileiros em Portugal”.
Em seguida, prometeu “um bónus de 100 mil euros a quem me trouxer a cabeça de Stefani Costa”, em referência a correspondente de Opera Mundi.
Importância da denúncia
Após a prisão de Silva, a jornalista disse que “a prisão em si é positiva, porque o Bruno Silva também atentou contra a liberdade de imprensa em Portugal”.
“Agradeço às autoridades portuguesas, ao Consulado e à Embaixada do Brasil, ao meu advogado Camillo Júnior, bem como a todos os colegas que me apoiaram”, acrescentou Stefani, em conversa exclusiva com Opera Mundi.

Stefani Costa é correspondente de Opera Mundi em Lisboa, mas também já trabalhou em reportagens especiais no Líbano, na Ucrânia, no México e participou da cobertura das cúpulas do BRICS de 2024 e 2025
Arquivo pessoal
No entanto, a repórter enfatizou que, além da prisão, “é importante que este caso sirva de incentivo para que mais pessoas, especialmente imigrantes, tenham coragem de denunciar as violências que sofrem, pois todos os cidadãos têm deveres e direitos que precisam ser respeitados, independentemente de quem sejam”.
A correspondente informa que, além da denúncia à polícia, “existem vários grupos e associações de apoio que estão lutando para criminalizar todas as práticas racistas em Portugal, através de alteração da legislação existente”.
“Entre eles estão o Vida Justa, a Casa do Brasil de Lisboa, a Frente Anti-Racista, o movimento Brasileiras Não se Calam e o Grupo de Ação Conjunta contra o Racismo e a Xenofobia”, indica.
Outros casos
Vale lembrar que o caso protagonizado por Bruno Silva não foi o primeiro envolvendo ameaças de morte a Stefani por parte de extremistas portugueses.
O caso mais destacado aconteceu meses atrás, quando ela chegou a ser atacada pelo líder do partido de extrema direita Chega, André Ventura.
“Em 2024, o Ventura chegou a publicar um vídeo nas redes sociais segurando uma tesoura e uma reportagem que escrevi sobre ele, feita para uma revista”, recorda a jornalista.
Com informações de CNN Portugal.























