Supertufão Ragasa deixa 15 mortos em Taiwan e avança sobre sul da China
Fenômeno rompeu barragem, inundou casas na cidade de Hualien e deslocou milhares de pessoas; Hong Kong permanece em alerta
O supertufão Ragasa provocou a morte de pelo menos 15 pessoas em Taiwan, após a ruptura de uma barragem causada pelas chuvas intensas. As águas de um lago invadiram residências na cidade de Hualien, no leste da ilha. Segundo as autoridades locais, há ainda 18 feridos e ao menos 152 desaparecidos.
“Em alguns pontos, a água chegou ao segundo andar das casas e atingiu cerca de um andar no centro da cidade, onde começa a baixar”, relatou Lee Lung-sheng, vice-chefe dos bombeiros do condado.
Inicialmente, a Agência Nacional de Incêndios de Taiwan havia registrado 152 desaparecidos, mas reduziu esse número para 17 após conseguir contato com mais de cem pessoas que estavam fora de alcance.
O tufão também causou duas mortes no norte das Filipinas e segue avançando de leste a oeste pela costa chinesa. Escolas foram fechadas, transportes suspensos e atividades econômicas interrompidas em diversas cidades, incluindo Shenzhen, polo tecnológico do país.
Em Hong Kong, Ragasa atingiu o território entre a noite e a manhã desta quarta-feira. No início da tarde (hora local), Ragasa começou a se afastar de Hong Kong em direção à costa oeste da província chinesa de Guangdong. O serviço meteorológico local reduziu o nível de alerta, que estava no máximo até então. A cidade está paralisada e a população confinada. O fenômeno provocou uma elevação do nível do mar de mais de três metros em algumas áreas, segundo o serviço meteorológico local.

Equipes enviadas a Hualien, em Taiwan, para operações de socorro em resposta aos danos causados pelo supertufão Ragasa
X/國防部 Ministry of National Defense, ROC(Taiwan)
Ondas gigantes
Vídeos mostram ondas quebrando portas de vidro de hotéis à beira-mar e invadindo recepções. Uma gravação publicada nas redes sociais e confirmada pela AFP mostra as portas de vidro de um hotel à beira-mar sendo destruídas pelas ondas, que invadiram a recepção. Não houve feridos, segundo um porta-voz do hotel. Um jornalista da AFP registrou ondas de quase cinco metros atingindo calçadões costeiros.
As autoridades de Hong Kong haviam se antecipado, fechando escolas na terça-feira e suspendendo voos até a manhã de quinta. O transporte terrestre também foi interrompido por tempo indeterminado. Moradores de áreas baixas foram orientados a redobrar a atenção diante do risco de inundações. Cinquenta centros de abrigo foram abertos, acolhendo 810 pessoas. Em Ngong Ping, na ilha de Lantau, foram registradas rajadas de vento de até 206 km/h. A Bolsa de Hong Kong alterou suas regras para manter os mercados abertos durante tufões, mas segue monitorando a situação.
Com a aproximação da tempestade, supermercados no sul da China foram esvaziados. Terence Choi, morador do conjunto residencial Heng Fa Chuen, em Hong Kong, conta que estocou alimentos para dois dias, lembrando que seu prédio já ficou sem água potável e energia elétrica durante outro supertufão. “Se perdermos o abastecimento, será difícil cozinhar. Estou bem apreensivo com isso”, disse o engenheiro de 59 anos.
Cientistas alertam que as mudanças climáticas estão tornando os eventos meteorológicos extremos mais frequentes e intensos em todo o mundo.























