Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Uma pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) acusou a Nestlé, maior empresa de alimentos e bebidas do mundo, de “colocar em risco a saúde de bebês africanos em busca de lucro” ao adicionar açúcar nos cereais infantis vendidos na África.

Segundo o estudo da ONU, o número de crianças com sobrepeso com menos de cinoc anos na África dobrou desde 1990, e a Nestlé é apontada como uma das responsáveis por esse fenômeno por adicionar quantidades extras de açúcar em seus produtos enviados a esse continente.

A pesquisa foi realizada em colaboração com o laboratório Public Eye, que investigou mais de 20 países africanos e averiguou 94 amostras do produto Cerelac (Farinha Láctea), constatando quantidades exageradas de açúcar em mais de 90% dos cereais infantis.

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A presença de açúcar em doses adicionais foi identificada em produtos destinados a crianças menores de três anos, que não deveriam conter açúcar, e nos quais foi observada uma média de 6g a mais, ou uma colher e meia de chá por porção.

A maioria dos produtos analisados eram importados e fabricados na Europa, com exceção de versões lançadas na África do Sul. No Egito, Madagascar, África do Sul, Malawi e Nigéria foram encontradas cerca de 5g de açúcar por porção, e no Quênia 7,5g.

Segundo as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), é recomendado que alimentos para crianças menores de três anos não contenham “açúcares adicionados ou adoçantes”, devido ao risco de criar preferências alimentares a médio e longo prazo por produtos adoçados.

O que diz a Nestlé?

A Nestlé afirmou que a investigação é “enganosa”. Um porta-voz da empresa argumentou que os cereais doces são palatáveis para bebês sendo considerados vitais no combate à desnutrição. A empresa afirmou que suas receitas estão dentro dos padrões estabelecidos pela regulamentação nacional nos países citados.

Cerca de 90% dos cereais infantis Ceralac possuem açúcar adicionado, segundo estudo
saboreie a vida/ nestlé

A diretora global da empresa alimentícia, Peggy Diby, afirmou que “as informações (da pesquisa) são infundadas e insinuam ações contrárias a todos os nossos valores”. Ela também disse que a empresa não tem “dois pesos e duas medidas quando se trata de nutrição na primeira infância”.

Diby acrescentou que a empresa está acelerando a produção de produtos sem sucralose para países africanos, mas alegou que, para ela e para a Nestlé, “o maior desafio na África não é a obesidade, mas sim a desnutrição”.

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Após a investigação da Public Eye, a Nestlé manifestou a intenção de lançar versões do Cerelac sem adição de açúcares em todos os mercados.

No entanto, ativistas declararam que a medida é “insuficiente e muito tarde”, e solicitaram que a empresa parasse de produzir produtos com sacarose nos alimentos infantis.

“Ao adicionar açúcar aos cereais infantis, a Nestlé está colocando em risco a saúde dos bebês africanos em busca de lucro”, diz a própria Publico Eye, que acusa a empresa alimentícia de ser cúmplice de “uma catástrofe de saúde pública evitável”.

Com informações do The Guardian.