Sábado, 6 de dezembro de 2025
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A Polícia Judiciária de Portugal (PJ) anunciou nesta terça-feira (09/09) a prisão de João Paulo Silva Oliveira, de 56 anos, cidadão português acusado de oferecer “500 euros pela cabeça de brasileiros”.

A prisão ocorreu após um vídeo produzido e divulgado pelo acusado viralizou na plataforma TikTok. O conteúdo foi inicialmente denunciado pela página Hedflow Mídia no último dia 30 de agosto.

João Paulo era padeiro e conhecido nas redes sociais como “Pasteleiro Linçe”. Ele foi detido no âmbito de uma investigação coordenada pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Santa Maria da Feira.

Vale registrar, porém, que ele foi demitido da padaria onde trabalhava, em Aveiro, dia 15 de julho, antes mesmo da gravação do vídeo, por má conduta contra outros funcionários imigrantes.

Em nota oficial, a PJ descreveu o caso: “nessas publicações, o agora detido surge a oferecer quantia monetária a quem atentar, de forma bárbara, contra a vida de determinados cidadãos estrangeiros, assim afetando gravemente o sentimento de tranquilidade e de segurança na comunidade que, movidos por crescente onda de indignação e repulsa, replicaram denúncias junto das autoridades”.

A PJ destacou que o vídeo, ao viralizar, “mobilizou a opinião pública em seus vários quadrantes, provocando forte alarme social”. O comunicado também revelou que as autoridades á investigavam o suspeito “antes de receber as denúncias, tendo estas apenas corroborado a gravidade da conduta”.

A polícia afirmou ainda que o indivíduo já possui antecedentes criminais por crimes contra o patrimônio. Ele será agora apresentado à autoridade judiciária para interrogatório e aplicação das medidas de coação necessárias, de acordo com a gravidade dos delitos.

João Oliveira prometeu pagar 500 euros para quem entregasse ‘cabeças de brasileiros’
Reprodução TikTok

Cônsul diz confiar na Justiça

Em declaração sobre o caso, o cônsul-geral do Brasil em Lisboa, Alessandro Candeas, ressaltou a importância do comprometimento das autoridades portuguesas. “Confiamos plenamente na atuação das instâncias competentes de Portugal, em respeito aos direitos humanos”, declarou à Opera Mundi.

Em junho, o relatório divulgado pela Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância (ECRI), órgão do Conselho da Europa, mostrou que os crimes de ódio em Portugal tiveram um aumento de 200% entre os anos de 2019 e 2024, de acordo com dados da justiça portuguesa.

Questionado sobre a razão de Portugal não contar com uma “força tarefa” especializada no combate a esses crimes, como acontece em outros países do bloco, o procurador-geral da República, Amadeu Guerra, disse que a falta de recursos no Ministério Público é um dos fatores que limita esse tipo de trabalho.

No início do mês de agosto, o professor de educação física brasileiro Henrique Almeida foi agredido, em ação realizada na Cidade do Porto. Ele foi atacado com garrafadas por dois homens, um deles o português Pedro Alves, enquanto preparava uma aula. O paulistano recebeu atendimento hospitalar e teve que levar pontos na nuca.

A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima oferece no país um canal exclusivo para denúncia de crimes de ódio. O Ministério Público também disponibiliza uma página para cibercrimes.