Hollywood tem pior faturamento nacional em 40 anos
Segundo dados levantados pelo New York Times, ‘despertar das bilheterias’ esperado nos EUA e Canadá não ocorreu, com resultados inferiores aos anos da pandemia
Ao contrário do que previu a MC Entertainment, maior operadora de cinemas da América do Norte, de que o ano de 2025 apresentaria os filmes de Hollywood “sucessivamente como sucessos de bilheteria”, os cinemas dos Estados Unidos e Canadá tiveram neste verão seu pior desempenho nos últimos 40 anos.
De acordo com o levantamento do jornal norte-americano The News York Times (NYT), o “despertar dramático nas bilheterias nacionais da indústria cinematográfica” não ocorreu como o presidente-executivo da AMC Entertainment, Adam Aron, disse em maio, início do verão no Hemisfério Norte.
A declaração de Aron decorreu da expectativa de que os cinemas finalmente “voltassem à forma” após a pandemia de covid-19. No entanto, sem considerar os anos pandêmicos e de isolamento social, os complexos de cinemas norte-americanos tiveram seu pior verão desde 1981
Um gráfico do NYT mostra que o verão de 2025 foi o de pior performance, inclusive levando em consideração os anos de 2022, 2023 e 2024 — mais próximos ao ano da pandemia, de 2020.
O levantamento do periódico aponta que neste verão as vendas semanais de ingressos atingiram valores altos em pouco tempo, acima de U$300 milhões (R$1,6 bilhão) em duas semanas, enquanto o mesmo valor demorou nove semanas para ser atingido no ano de 2019.
Apesar da positividade inicial que o dado causa, ele também evidencia que os cinemas não conseguem manter a frequência de seu público, e mesmo conseguindo grandes quantidades financeiras em pouco tempo, ainda é consideravelmente menor do que antes da pandemia. Os resultados levaram o jornal norte-americano a afirmar que os cinemas “perderam permanentemente de 20% a 25% de seus clientes”.

Pôster do filme Superman (2025), da DC Studios, uma das franquias de Hollywood para este ano
David Corenswet/Instagram
Hollywood insiste em estratégia “que não vai a lugar nenhum”
O New York Times afirma que “parte do desafio para os estúdios de cinema é o marketing”, uma vez que “atingir um público de massa com anúncios de novos filmes se tornou mais difícil” em meio ao que identifica como “fragmentação da mídia”.
Deste modo, analisa que os estúdios recorreram às suas bases de fãs “já consolidadas”, ou seja, fizeram filmes de franquias já existentes: “sequências, remakes, spin-offs, reboots ou baseados em um videogame de sucesso”. Dos 26 filmes que arrecadaram pelo menos U$20 milhões (R$112 milhões), 20 deles vieram de franquias.
A estratégia sofreu um efeito rebote, e “quase todas as franquias de Hollywood foram tão exploradas que estão gerando retornos decrescentes”. Neste verão, filmes de histórias pré-existentes “tiveram um desempenho pior” do que seus antecessores. Este foi o caso de Quarteto Fantástico (2025) e Thunderbolts (2025), da Marvel, enquanto o primeiro arrecadou pouco mais de U$250 milhões (R$1,4 bilhão), o segundo ficou bastante abaixo desse valor. Já o filme Vingadores (2012), compreendido como um dos grandes sucessos do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU), passou de U$750 milhões (R$4,2 bilhões) no verão de seu lançamento.
Por outro lado, houve sequências com algum sucesso, como no caso de Superman (2025), da DC Studios, que angariou U$352 milhões (R$1,97 bilhão) nos EUA e Canadá — o que não é excelente, mas justifica uma continuação. O longa teve mais bilheteria no mesmo período comparado a outros lançamentos da franquia, como Superman III (1983) e Superman – O Retorno (2006), e só ficou atrás de Homem de Aço (2013).
Com resultados tanto positivos quanto negativos, o NYT avalia que a estratégia de Hollywood em apostar nas franquias “não vai a lugar nenhum”.
Enquanto isso para o verão de 2026, a indústria cinematográfica prossegue em seu plano, com “pelo menos 14 filmes de franquia agendados” nos cinemas.























