EUA avaliam destruir R$ 53 milhões em anticoncepcionais destinados a regiões de crise
Departamento de Justiça alega não ter encontrado 'compradores elegíveis' devido às restrições legais em vigor no país; medida atinge mulheres em campos de guerra e abrigos para refugiados
O governo Trump ordenou a destruição até o fim deste mês de R$ 53 milhões (US$ 9,7 milhões) em contraceptivos de longa duração. Os anticoncepcionais beneficiariam milhares de mulheres que se encontram em regiões de crise, em particular, na África.
A medida, confirmada ao The Guardian por um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, afeta diretamente mulheres em zonas de guerra e abrigos para refugiados. DIUs e implantes anticoncepcionais encontram-se em um depósito na Bélgica e ainda estão dentro do prazo de validade. 2027 foi a data mais antiga identificada em alguns lotes.
A justificativa do Departamento de Estado é de que não foi possível encontrar “compradores elegíveis” para os contraceptivos. Restrições legais em vigor no país teriam impedido o auxílio a organizações que realizam ou apoiam o direito ao aborto no exterior. Se efetivada, a destruição custará aos contribuintes norte-americanos aproximadamente US$ 167 mil.
Senadores democratas pressionam contra a decisão. Em comunicado, a senadora Jeanne Shaheen (New Hampshire) classificou como “inaceitável que o governo avance com a destruição de mais de US$ 9 milhões em produtos de planejamento familiar financiados pelos contribuintes”.
“Isso é um desperdício de dólares dos contribuintes americanos e uma abdicação da liderança global dos EUA na prevenção de gravidezes indesejadas, abortos inseguros e mortes maternas”, acrescentou Shaheen. Juntamente com o senador Brian Schatz (Havaí), ela apresentou um projeto para impedir a medida e enviou uma carta ao secretário de Estado, Marco Rubio.

Senadora Jeanne Shaheen classificou como ‘inaceitável’ a destruição dos contraceptivos destinados a mulheres em regiões de conflito
Senado Democrata / Wikimedia Commons
Desmonte da USAID
Como destaca The Guardian, o caso é uma das consequências do desmonte da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, a USAID. Na sexta-feira (18/07), os republicanos aprovaram um pacote para cancelar R$ 50 bilhões de reais ( US$ 9 bilhões) em financiamento destinado à ajuda externa, incluindo as emissoras públicas de comunicação do país e atingindo os recursos da Agência.
O caso dos anticoncepcionais não é isolado. Segundo The Atlantic, o governo incinerou 500 toneladas métricas de alimentos destinadas a 1,5 milhão de crianças no Afeganistão e no Paquistão. Já o Politico informa que 800 mil vacinas contra a varíola, com destino à África, estão muito próximas a data de validade e devem ser inutilizadas.























