Governo da Espanha obriga cidade a revogar proibição de festivais religiosos
Município de Jumilla havia barrado realização de reuniões em centros públicos, afetando principalmente a comunidade muçulmana
O governo central espanhol interveio esta semana após a cidade de Jumilla, na região de Múrcia, decidir proibir reuniões religiosas em centros públicos, afetando principalmente a comunidade muçulmana. As informações são do jornal britânico The Guardian.
A medida, defendida por partidos de direita, foi considerada “discriminatória” e em desacordo com a liberdade religiosa: a polêmica começou quando o conselho local, liderado pelo Partido Popular (PP) e em colaboração com o Vox, aprovou uma moção que proibia o uso de centros esportivos municipais para eventos religiosos, sociais ou culturais “estranhos ao conselho municipal”.
A medida foi vista como um ataque à comunidade muçulmana da cidade, que utiliza as instalações para celebrar o Eid al-Fitr e o Eid al-Adha, duas importantes festividades islâmicas.
O ministro da Política Territorial, Ángel Víctor Torres, reagiu à decisão nas redes sociais, classificando-a como “intolerância”, dizendo “não pode haver meias medidas” quando se trata do assunto. Ele também criticou os partidos de oposição de direita por tentarem decidir quem teria liberdade de culto no país.

O governo central agora exige que o conselho de Jumilla reveja sua decisão em um prazo de um mês
Gregorico/Wikimedia Commons
Em Jumilla, o prefeito Seve González justificou a ação como parte de uma “promoção de campanhas culturais” para proteger os “valores e expressões religiosas” do país. No entanto, a decisão gerou uma onda de descontentamento, incluindo o de Elma Saiz, ministra da Migração da Espanha, que apontou que a medida poderia prejudicar a economia local, já que 20% dos contribuintes da cidade são estrangeiros.
A Federação das Comunidades Judaicas da Espanha e a Igreja Católica também condenaram a proibição, a classificando como uma forma de discriminação e incompatível com o direito à liberdade religiosa.
A medida ocorre em um contexto de crescente tensão racial na Espanha, com recentes episódios de violência em cidades como Torre-Pacheco, que aumentaram os temores de um fortalecimento da extrema direita.
O governo central agora exige que o conselho de Jumilla reveja sua decisão em um prazo de um mês. Se isso não acontecer, outras opções legais serão consideradas.
O caso reflete uma crescente polarização política na Espanha, país no qual a extrema direita tem ganhado força, criando uma atmosfera de hostilidade contra minorias e incentivando discursos de ódio, de acordo com líderes de organizações religiosas e especialistas locais.























