Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Em uma cerimônia acompanhada por dezenas de líderes mundiais, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e o comandante das FARC, Timoleón Jiménez, conhecido como Timochenko, assinaram nesta segunda-feira (26/09) o acordo de paz entre a guerrilha e o governo da Colômbia.

O evento, realizado em Cartagena das Índias, no norte do país, marca uma das etapas finais do processo de paz iniciado em 2012 em Havana, Cuba, e que deverá ser referendado pela população colombiana em um plebiscito que será realizado neste domingo (02/10). A cerimônia promoveu o voto “sim” no referendo popular, que levará à entrada em vigor do acordo de paz entre a guerrilha e o governo.

Timochenko foi o primeiro a assinar o acordo, seguido pelo presidente, Santos. Os dois líderes utilizaram o “balígrafo”, uma caneta feita a partir de uma bala de fuzil, que representa a transição de um país em guerra para um país que promoverá a educação e o diálogo político entre grupos opositores.

Entre os líderes presentes no palco durante a cerimônia estavam Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, Michelle Bachelet (Chile), Nicolás Maduro (Venezuela), Raúl Castro (Cuba), Rafael Correa (Equador), Enrique Peña Nieto (México), Mauricio Macri (Argentina), Salvador Sánchez Cerén (El Salvador) e Pedro Pablo Kuczynski (Peru).

Agência Efe

Juan Manuel Santos e Timoleón Jiménez se cumprimentam observados por líderes mundiais após assinar acordo de paz

Diante de dezenas de líderes mundiais, Juan Manuel Santos e Timoléon Jiménez assinaram acordo negociado nos últimos 4 anos entre guerrilha e governo

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Acompanhada por uma plateia de convidados que usava exclusivamente roupas brancas, assim como os líderes no palco, a cerimônia contou com a apresentação de um grupo de mulheres negras que cantou sobre o desejo de paz do povo colombiano. Após a assinatura do acordo, aviões da Esquadrilha da Fumaça desenharam as cores da bandeira da Colômbia – vermelho, azul e amarelo – no céu de Cartagena.

“Que ninguém duvide que nos desarmamos nas mentes e nos corações”, afirmou Timochenko em discurso. “O processo de paz na Colômbia é já uma referência para o mundo”, disse o líder das FARC, citando a ocupação israelense da Palestina e guerra na Síria como crises humanitárias que podem se beneficiar do modelo estabelecido em seu país.

O processo de paz “é uma vitória da sociedade colombiana como um todo e da comunidade internacional”, afirmou Jiménez, agradecendo diferentes setores da população da Colômbia pelo apoio às negociações entre o governo e a guerrilha, “sobretudo às vítimas do conflito”.

Agência Efe

Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, cumprimenta Jiménez e Santos após a cerimônia

Jiménez classificou o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, como “um interlocutor valoroso”, que superou o lobby das armas e da guerra no país. O líder das FARC também agradeceu Fidel e Raúl Castro e o povo cubano, anfitriões das negociações de paz nos últimos quatro anos; o governo norueguês, que participou como mediador dos diálogos; Hugo Chávez e Nicolás Maduro e o “povo irmão” da Venezuela, assim como o Chile e a ONU, que também ajudaram a mediar as negociações entre guerrilha e governo.

“Ninguém renunciou a suas ideias. Confrontaremo-nas politicamente, sem violência”, afirmou Jiménez sobre a transição da guerrilha para força política, que participará do processo democrático e eletivo da Colômbia a partir de 2018.

Jiménez também pediu perdão às vítimas da guerra “por toda a dor” causada nestes 52 anos de conflito. “Acabou a guerra. Bem-vinda essa segunda oportunidade sobre a Terra”, finalizou o líder das FARC, citando o livro “Cem Anos de Solidão”, do escritor colombiano Gabriel García Márquez, que apoiou durante sua vida as negociações de paz entre a guerrilha e o governo.

“Como chefe de Estado da pátria que todos compartilhamos, lhes dou as boas vindas à democracia”, disse Juan Manuel Santos, presidente da Colômbia, a Jiménez em seu discurso.

Agência Efe

População se reúne em Bogotá, capital da Colômbia, para acompanhar e celebrar a assinatura do acordo de paz

“Este é um acordo que fortalecerá nossa democracia e nosso processo político, assim como a luta contra o narcotráfico”, afirmou Santos. “Esta é a libertação que nos dá o perdão, uma libertação não só a quem perdoamos, mas sobretudo a quem perdoa”, seguiu o presidente.

Santos também convocou a população a votar “sim” no plebiscito do dia 2 de outubro, que deve referendar o acordo de paz, escolhendo assim “entre o sofrimento do passado e a esperança do futuro, entre a pobreza que deixa a guerra e as oportunidades que traz a paz”.

“A região e o planeta celebram porque há uma guerra a menos no mundo”, disse Santos. “Nos restam muitos temas a trabalhar e muitos desafios a vencer, mas o faremos muito melhor sem o obstáculo de uma guerra absurda que consumia nossos recursos”, se dirigiu o presidente à população colombiana. “A Colômbia se prepara para explorar seu potencial máximo, e essa tarefa será de todos, não só do governo.”

O presidente colombiano finalizou com uma citação ao hino nacional do país: “Cessou a horrível noite. Abramos nossos corações ao novo dia, ao amanhecer da paz, ao amanhecer da vida.”

Agência Efe

Em cerimônia oficial, líderes do governo e das FARC assinaram acordo de paz em Cartagena das Índias