Sábado, 6 de dezembro de 2025
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A primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi, revelou que dorme entre duas e quatro horas por noite. A rotina, que ela descreve como parte de sua disciplina pessoal, reacendeu críticas sobre a privação de sono em um país historicamente marcado por jornadas de trabalho exaustivas — e por mortes relacionadas ao excesso de horas, conhecidas como karoshi.

Segundo o jornal britânico Guardian, Takaichi falou sobre seus hábitos de sono e admitiu aos parlamentares que descansa o mínimo possível. Ainda assim, afirmou que sua prioridade é garantir que reformas trabalhistas priorizem “a saúde dos trabalhadores”.

Porém, na semana passada, a premiê causou um alvoroço ao convocar uma reunião com seus assessores às 3h da manhã para preparar os materiais de uma audiência orçamentária que começaria seis horas depois. A contradição gerou uma reação imediata com relação ao impacto de uma líder que naturaliza comportamentos prejudiciais em um país que há décadas tenta reduzir jornadas abusivas.

A rotina de Takaichi foi associada por ela à de Margaret Thatcher, sua heroína política, o que reforça uma cultura de sacrifício pessoal como marca de determinação. “Agora durmo cerca de duas horas, quatro no máximo. Provavelmente é ruim para a pele”, disse.

A fala da primeira-ministra ocorre em um momento em que o país enfrenta dificuldades para alterar uma cultura empresarial na qual se espera que os funcionários trabalhem horas excessivas. O Guardian aponta que essa escala exaustiva pode estar associada à dificuldade de casais “exaustos contribuírem para elevar a baixa taxa de natalidade” do Japão.

Ainda segundo o periódico, há uma preocupação de que Takaichi espere que os funcionários trabalhem mais horas, já que sua gestão debate a possibilidade de aumentar o limite de horas extras permitidas.

“Se pudermos criar uma situação em que as pessoas consigam equilibrar adequadamente os cuidados com os filhos e as responsabilidades de cuidar de outras pessoas de acordo com seus desejos, e também possam trabalhar, desfrutar do tempo livre e relaxar, isso seria o ideal”, disse a premiê.

No país, de acordo com um estudo divulgado em março, no Dia Mundial do Sono, os japoneses dormem, em média, sete horas por dia durante a semana — “38 minutos a menos que a média internacional e menos do que as pessoas nos EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Canadá”, afirmou o Guardian.