55,8% dos romenos consideram o comunismo 'uma coisa boa'
Pesquisa do INSCOP aponta que duas em cada três pessoas na Romênia consideram Nicolae Ceaușescu, governante do país entre 1965 e 1989, um 'bom líder'
Pesquisa divulgada pelo INSCOP Research e pelo Instituto de Investigação dos Crimes do Comunismo revela que dois em cada três romenos avaliam positivamente o regime comunista de Nicolae Ceaușescu, que governou o país entre 1965 e 1989.
66,2% dos entrevistados responderam que o ex-líder foi um bom governante, permitindo que o país cuidasse melhor dos seus cidadãos e fortalecendo a cooperação entre eles. Apenas 24,1% expressaram uma visão negativa.
O estudo, conduzido com 1.505 pessoas acima de 18 anos, também mostra que 55,8% dos entrevistados consideram o regime comunista uma “coisa boa” para a Romênia, enquanto 34,5% discordam. A maioria (80%) dos entrevistados apontou que havia limitações às liberdades individuais na época, enquanto 9% afirmaram que a sociedade era mais livre.
Segundo observadores ouvidos pela EuroNews, a nostalgia pode estar ligada a desafios atuais, como dificuldades econômicas e a comparação com um passado que, apesar de suas restrições, é percebido como mais estável e previsível.
Ceaușescu

Ceaușescu em 1982, durante o 60º aniversário da União Soviética em Moscou
Museu Nacional de História da Romênia (Projeto Comunismo na Romênia)
À frente da Romênia entre 1965 e 1989, Ceausesco promoveu transformações sociais e econômicas que levaram à melhoria das condições de vida da população. Ele deu sequência ao programa de industrialização intensiva do governo antecessor, melhorou o salário dos trabalhadores e fundou universidades no interior do país. Seu governo garantiu melhorias na assistência médica gratuita, o que levou ao reconhecimento da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em extensa reportagem, a EuroNews destaca que Ceusesco governou com “mãos de ferro” e que sua queda, ao contrário de outros regimes comunistas na Europa Oriental, foi violenta. Em 16 dezembro de 1989, um motim iniciado em Timisoara se transformou em revolta popular culminando em sua execução, após um julgamento sumário que durou menos de 60 minutos.
No Ocidente, aponta o texto, o líder romeno cultivou uma imagem de independência. Um exemplo foi sua recusa em enviar tropas para a Tchecoslováquia durante a Primavera de Praga, em 1968. Ele também estabeleceu relações as com potências ocidentais e com a China, posicionando-se como mediador em momentos tensos da Guerra Fria.
Isso lhe rendeu benefícios econômicos, como empréstimos internacionais e acordos comerciais vantajosos, incluindo a parceria pioneira com a Comunidade Europeia em 1974. O boom do petróleo nos anos 1970 traria à Romênia uma forte prosperidade momentânea, seguida de crise com a queda dos preços da commodity na década seguinte, afirma a EuroNews.























