Sexta-feira, 12 de dezembro de 2025
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O fotógrafo congolês Baudoin Mouanda registrou o cotidiano dos sapeurs em Brazzaville

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A força das revoluções pacíficas é incontestável. E isso é exatamente o que querem os sapeurs, ou seja, os integrantes da SAPE – Societé des Ambianceurs et des Personnes Élegants (Sociedade das Pessoas Divertidas e Elegantes). Exibir pacificamente sua elegância teatral, inspirada na indumentária dos dândis do começo do século 20, como símbolo de rebeldia contra a pobreza e a submissão.

Os distintos membros da SAPE têm adquirido importância na última década. Surgida a partir da independência do antigo Congo Belga, atual República Democrática do Congo, e do Congo Francês, hoje República do Congo, nos anos 1960, a sociedade fortaleceu-se nos anos 1970 como forma de rebeldia contra o decreto do ditador do Zaire (nome anterior da República Democrática do Congo), Mobutu Sese Seko, que tornava o abacost, tradicional traje maoísta de três peças, obrigatório.

Os dois maiores expoentes desse movimento são André Grenard Matsova, líder político e religioso do então Congo Belga, exilado durante anos em Paris e que morreu na prisão após o seu regresso à África, e o músico da República Democrática do Congo mais conhecido internacionalmente, Papa Wemba. Ambos tornaram a sua indumentária símbolo de resistência contra o regime.

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Imagens de Francesco Giusti dos sapeurs de Pointe-Noire; o italiano documenta realidades sociais pelo mundo

Os membros dessa distinta sociedade têm uma série de códigos invulneráveis, como a proibição de usar mais de três cores ou a obrigação de manter uma moral inatacável (inclusive rejeitando as drogas e a violência).

Eles têm de fazer, ao menos uma vez na vida, uma viagem para Paris, de onde voltariam transformados em verdadeiros cavalheiros. Entre seus acessórios mais característicos encontram-se a bengala e os charutos, além de todos terem um apelido.

A popularidade é tão grande que chegam a pagá-los para participar de festas. Embora exista uma grande representatividade dos sapeurs em Bruxelas e Paris, uma nova corrente gerada dentro da sociedade começa a avançar em Londres, com o rei Carlos da Inglaterra como referência de estilo e o kilt escocês como marca registrada.

Mais um símbolo do poder da imagem e da roupa mais elegante, vestida como armadura a cada manhã para resistir em dois dos países mais pobres do mundo.

Tradução por Carolina Pezzoni

* Originalmente publicado na revista eletrônica Culturamas

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