Sábado, 6 de dezembro de 2025
APOIE
Menu

A Xinhua, agência de notícias estatal da China, afirmou nesta terça-feira (18/11) que as declarações da primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi, sobre um possível envolvimento militar em Taiwan refletem uma estratégia de expansionismo militar de Tóquio.

Em um editorial, a agência classificou o posicionamento de Takaichi como “declarações ousadas”, que “não são apenas uma demonstração irresponsável de força” ou “um abafo isolado”.

A Xinhua defendeu que este é o “sintoma mais recente de um projeto político que visa arrastar o Japão de volta para uma trajetória perigosa”. “É um alerta contundente de que os demônios militaristas do Japão estão sendo invocados novamente”, afirmou.

A publicação lembrou que a própria ascensão política da primeira-ministra, que assumiu o cargo em 21 de outubro, “foi nutrida no solo venenoso do revisionismo histórico”. Segundo a Xinhua, Takaichi questiona a Declaração de Murayama, “considerada o ápice do pedido de desculpas do Japão por seus erros antes e durante a Segunda Guerra Mundial” e nega o Massacre de Nanquim — episódio de assassinatos e estupros em massa contra a cidade chinesa de Nanquim entre 1937 e 1938.

A Xinhua alertou que “essa visão de mundo” torna Takaichi “insensível à profunda e dolorosa história moderna que molda a questão de Taiwan, cega aos crimes que o Japão cometeu durante seu domínio colonial sobre Taiwan e totalmente alheia à inabalável determinação dos 1,4 bilhão de habitantes da China em se opor a qualquer interferência externa”.

Além de “glorificar símbolos militaristas”, a primeira-ministra “se alinhou com facções que se recusam a reconhecer a agressão passada do Japão”, advertiu o texto, classificando a aproximação como “alarmante”.

Para Xinhua, “permitir que fantasias militaristas ditem política externa é receita para a instabilidade regional”
高市早苗/X

“Apoiada por facções revisionistas que sonham em restaurar a “glória” imperial, Takaichi apressou-se em expandir as ambições militares do Japão: impulsionando aumentos extraordinários nos gastos com defesa e afrouxando as restrições à exportação de armas”, afirmou.

Para a Xinhua, a possibilidade do Japão não revisar seus princípios não nucleares “de longa data é uma tentativa inegável de expandir a presença militar do país muito além das restrições do pós-guerra”.

“Ao vincular esse ressurgimento militarista à questão de Taiwan, Takaichi revela sua intenção mais perigosa: usar a questão de Taiwan como pretexto para justificar a expansão estratégica do Japão”, explicou o texto.

Assim, considerou que tal “retórica provocativa não é apenas uma afronta à soberania da China, mas uma manobra calculada para redefinir a identidade de segurança do Japão e normalizar a expansão militar”.

“Esse caminho é perigoso. Reviver o militarismo sob o pretexto da retórica rebuscada de uma “situação que ameaça a sobrevivência” corre o risco de desestabilizar décadas de paz no Leste Asiático e mergulhar o Japão em conflitos criados por ele mesmo”, alertou o editorial.

Por fim, a agência chinesa alertou que “o Japão deve resistir a esses impulsos perigosos”, uma vez que “permitir que fantasias militaristas ditem a política externa é uma receita para a instabilidade regional e, em última análise, acabaria se voltando contra o país”.