Sábado, 27 de dezembro de 2025
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O governo de Nicolás Maduro reuniu nesta quarta-feira (10/07) o corpo diplomático credenciado na Venezuela para alertar sobre supostos “planos violentos e desestabilizadores” que “procuram distorcer a vontade do povo” nas eleições presidenciais previstas para 28 de julho.

“Devemos denunciar ao mundo que as nossas eleições têm interferências de agentes externos, especialmente norte-americanos, que procuram distorcer a vontade do povo”, declarou o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, durante o encontro marcado na chancelaria em Caracas, com diplomatas de vários países.

Gil citou, entre outros casos, a organização paramilitar colombiana conhecida como Autodefesas Conquistadoras da Sierra Nevada (ACSN) que, nos últimos dias, anunciou ter sido supostamente contatada por líderes da extrema direita venezuelana com o objetivo de matar o presidente Maduro e desestabilizar a política do país, assim como prejudicar o “bom andamento do processo eleitoral”.

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O chanceler classificou as informações fornecidas pelos paramilitares, que apresentaram a denúncia ao afirmar “não se intrometer” nos assuntos internos de outros países, como “gravíssima”. Ressaltou ainda que o Ministério das Relações Exteriores venezuelano mantém conversa com o governo colombiano para realizar investigações sobre o caso.

“Vocês ficarão surpresos com as evidências que serão apresentadas, com a veracidade dessas informações e dos planos, que incluíam apelos para atacar o presidente Nicolás Maduro em manifestações de rua”, disse.

Na sexta-feira, o grupo paramilitar colombiano ACSN publicou um comunicado apontando que foram contatados pela extrema direita na Venezuela para desestabilizar o governo de Maduro, a poucos dias das eleições presidenciais.

Segundo a organização, os supostos líderes de oposição fizeram diversos pedidos, entre eles, atacar a infraestrutura elétrica do país e se infiltrar em protestos para agir contra Maduro em caso de reeleição.

Gil afirmou ainda ter observado a presença de robôs divulgando notícias falsas na mídia e nas plataformas digitais, evocando uma conspiração para ignorar os resultados das eleições presidenciais, manipulado supostamente pelo ex-embaixador Edmundo González Urrutia, candidato da oposição à Presidência e apoiado por Maria Corina Machado.

“Estão montando um plano para negar o resultado eleitoral”, acusou o chefe da diplomacia venezuelana, lembrando que González Urrutia não assinou o acordo do Conselho Eleitoral sobre os resultados do pleito.

Twitter/Nicolás Maduro
Ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil, reuniu-se com especialistas eleitorais das Nações Unidas (ONU) que acompanharão as eleições do país em 28 de julho

Observadores na Venezuela

No dia anterior, o Painel de Especialistas Eleitorais da Organização das Nações Unidas (ONU) chegou a Caracas para acompanhar as eleições venezuelanas, previstas para daqui a duas semanas. Segundo o Ministério das Relações Exteriores do país, mais de 635 observadores estrangeiros já estão registrados para acompanhar o pleito.

Na terça-feira (09/07), os especialistas tiveram uma reunião com o chanceler para receber informações sobre o funcionamento técnico do sistema eleitoral. A ideia é que os enviados da ONU redijam um relatório sobre o andamento das eleições e que, por fim, o documento seja entregue ao secretário-geral na organização, António Guterres. O objetivo é incluir recomendações para “melhorar” as próximas eleições da Venezuela.

Ao grupo, composto por duas mulheres e dois homens, Gil destacou a “solidez e transparência do sistema eleitoral”.

“Tivemos uma reunião com o painel de especialistas eleitorais da ONU, que irá monitorar as próximas eleições presidenciais em 28 de julho. Durante a reunião, tivemos a oportunidade de destacar os pontos fortes do sistema eleitoral venezuelano, reconhecido mundialmente como um dos mais confiáveis ​​e transparentes”, escreveu o chanceler em sua rede social.

Em nota, a ONU afirmou que a participação nas eleições venezuelanas está “em conformidade” com o acordo assinado em Barbados entre governo e parte da oposição em 17 de outubro de 2023.  O texto definia que o pleito deveria ser realizado no segundo semestre de 2024 e contaria com missões de observação da União Europeia, do Centro Carter e da ONU.

A União Africana e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) também participarão do pleito, enquanto o Centro Carter dos Estados Unidos divulgou um comunicado confirmando presença, mas que não vai avaliar os processos de votação e contagem. Serão avaliadas se as obrigações do país estão de acordo com a Constituição Nacional e se os direitos humanos estão sendo respeitados.

(*) Com Ansa e Brasil de Fato