'Venezuela não será um Panamá', afirma professor de Harvard
Dennis M. Hogan diz, em artigo no NTY, que intervenção de Washington visando mudar regime venezuelano pode ser desastroso para os EUA e região
O historiador Dennis M. Hogan, professor de Harvard, avalia em artigo publicado no The New York Times que uma possível intervenção norte-americana na Venezuela será desastroso para os Estados Unidos e toda a região.
Ele aponta que ao contrário da intervenção rápida dos Estados Unidos no Panamá, em 1989, que levou à prisão do general Manuel Noriega, acusado por Washington por tráfico de drogas, “a situação na Venezuela é bem diferente”.
“Buscar uma mudança de regime pode ser desastroso para os Estados Unidos e para a região. Também é importante reconhecer como isso se encaixaria em um padrão mais amplo de intervenção norte-americana na América Latina”, aponta.
Na época, o Panamá tinha três milhões de pessoas e o seu canal controlado pelos Estados Unidos, “era sedo do Comando Sul dos EUA e de uma guarnição permanente” do país. A Venezuela, livre de instalações militares do país, conta com uma população de 30 milhões de pessoas.
Hogan destaca que analistas de todos os espectros políticos apontam que o resultado mais provável de uma invasão seria “um aumento da instabilidade regional e, de acordo com um relatório recente do Stimson Center, um agravamento das condições, levando ao tráfico de drogas, conflitos e migração.”

‘Venezuela não será um Panamá’, afirma professor de Harvard
@nicolasmaduro
Doutrina Monroe
O historiador salienta que uma possível intervenção se insere no contexto mais amplo de como os Estados Unidos têm atuado historicamente na América Latina: “exercendo o poder de polícia internacional do corolário de Theodore Roosevelt à Doutrina Monroe”, pela qual Washington teria o direito de interferir nos assuntos das nações latino-americanas.
“A intervenção dos EUA tem sido uma constante no relacionamento dos Estados Unidos com a América Latina, mesmo durante períodos de suposto isolacionismo ou, para usar termos trumpianos, ‘América em Primeiro Lugar’”, afirma.
Ele cita, como exemplo, várias intervenções nos países da América Central e do Caribe e detalha as consequências da invasão ocorrida no Panamá, a mando de George H. W. Bush “para redimir os desastres no Vietnã”.
“Assim como o Panamá em 1989, a Venezuela não representa uma ameaça iminente à segurança dos Estados Unidos”, afirma o historiador. Em sua avaliação, um potencial ataque à Venezuela visa “satisfazer um eleitorado interno do Partido Republicano, representado pelo Secretário de Estado Marco Rubio, que há muito defende a mudança de regime na Venezuela, e distrair os críticos das políticas internas de Trump”.























