Veículos militares usados por Israel em Gaza são abastecidos por países contrários ao genocídio, como Brasil
Pesquisa publicada pelo Guardian revela como indústria petrolífera global 'alimenta' frota militar que atua na ofensiva que já vitimou 30 mil palestinos
“Os jatos e tanques israelenses que bombardeiam os palestinos estão sendo alimentados por algumas das empresas de combustíveis fósseis mais lucrativas do mundo”, revelou uma reportagem do jornal britânico The Guardian a partir de uma investigação da Ong Oil Change International.
Azerbaijão, Cazaquistão, Rússia, Brasil, Gabão e Estados Unidos são os países que, segundo a apuração, financiam o genocídio palestino com o fornecimento de seus combustíveis fósseis a Israel. Já as empresas são: British Petroleum, Chevron, ExxonMobil, Shell e TotalEnergies.
A publicação revelada na última quinta-feira (14/03) aponta para a dependência que Israel tem de petróleo importado para operar sua frota de aviões de combate, tanques de guerra e outros veículos militares em sua ofensiva na Faixa de Gaza, que já deixou mais de 30 mil mortos, sendo pelo menos 12 mil crianças.
Essa dependência acontece porque “Israel é um país pequeno, com um exército e uma força aérea relativamente grandes. Assim, não possui oleodutos transfronteiriços operacionais de combustíveis fósseis e depende fortemente das importações marítimas de petróleo”.
De acordo com a investigação da Oil Change International, o petróleo importado por Israel alimenta as refinarias de Ashdod e Haifa. De lá, o combustível vai diretamente para as Forças Armadas e a outra parte restante para os postos de gasolina de uso doméstico, e também para que militares abasteçam seus veículos sob a tutela do governo.
A análise publicada pelo The Guardian encontrou que mais de 1.440 quilotoneladas de petróleo bruto do Azerbaijão foram enviadas para Israel desde outubro de 2023, entregues através do oleoduto Baku-Tbilisi-Ceyhan (BTC), que termina em Ceyhan, Turquia. A grande operadora dessa produção e transporte é a British Petroleum (BP), com parceria da TotalEnergies e ExxonMobil.
Os dados da investigação também sugerem que “pelo menos 600 quilotoneladas de petróleo bruto da Rússia e do Cazaquistão foram enviados para Israel através do oleoduto Caspian Pipeline Consortium (CPC) desde outubro de 2023”.
Além disso “quatro carregamentos transportando mais de 120 quilotoneladas de petróleo partiram da Rússia para Israel depois que a Corte Internacional de Justiça ordenou que Israel tomasse todas as medidas possíveis para prevenir o genocídio”.
A investigação recebida pelo The Guardian também identifica que Israel recebe pequenas remessas de petróleo da Arábia Saudita, Egito, Iraque e Emirados Árabes Unidos (EAU), todos países que mantém críticas à guerra.

FDI/Twitter
Israel depende de importação de petróleo para abastecer sua frota militar
Petróleo brasileiro financia genocídio
O The Guardian publicou que “dois carregamentos de petróleo brasileiro, totalizando 260 quilotoneladas, parecem ter sido entregues a Israel desde o início da invasão de Gaza”.
O primeiro carregamento foi descarregado em um oleoduto ao sul de Israel, em Ashkelon, abastecendo as refinarias de Haifa e Ashdod, no mês de dezembro
Já o segundo pode ter ocorrido em fevereiro de 2024, e “o petróleo foi fornecido a partir de campos offshore de propriedade conjunta da Shell, TotalEnergies e Petrobras”.
O jornal britânico informa que a Shell e a TotalEnergies não quiseram comentar a denúncia, já um porta-voz da Petrobras disse que a estatal brasileira de petróleo não “entregou nenhuma carga de petróleo bruto de sua produção a Israel em dezembro de 2023 e 2024”.
“Lula retirou o embaixador do Brasil em Israel, mas não proibiu as exportações de petróleo”, escreveu o jornal.
Movimento por boicote
O The Guardian acessou o movimento BDS (boicote, desinvestimento e sanções), que luta contra a ofensiva israelense em Gaza por meio das sanções financeiras.
“O movimento BDS, que já tem como alvo a Chevron com uma crescente campanha global de boicote e desinvestimento, irá expor e visar os estados e empresas cúmplices mencionados neste valioso relatório”, declarou Mahmoud Nawajaa, coordenador geral do Comitê Nacional Palestino BDS ao jornal.
“Os Estados e as empresas que continuam a fornecer combustível a Israel para as suas forças militares são diretamente cúmplices no apoio ao seu genocídio em curso. Nunca os perdoaremos por isso”, completou.
O jornal britânico ainda informou que os governos dos Estados Unidos, Brasil, Rússia, Azerbaijão e Cazaquistão não responderam às suas solicitações de posicionamento.























