Urnas fecham no Uruguai com 88% de participação; pleito ocorreu com tranquilidade
Candidato da Frente Ampla, Yamandú Orsi, tenta se eleger neste domingo; possível segundo turno pode levar a união das direitas e colocar vitória em risco
Atualizada em 27. out., às 19h40
As urnas no Uruguai fecharam e finalizaram o primeiro turno das eleições presidenciais deste domingo (27/10). Expectativa agora são dos resultados preliminares.
A Corte Eleitoral uruguaia afirmou que o dia de votação ocorreu sem problemas e cerca de 88% dos eleitores aptos a votarem foram às urnas.
Cerca de 2,5 milhões de uruguaias e uruguaios estavam sendo esperados a participar neste domingo do primeiro turno das eleições presidenciais, no qual a coalizão de esquerda Frente Ampla aparece como favorita segundo as pesquisas, com chances de eleger o presidente já nesta instância.
O candidato da aliança progressista é Yamandú Orsi, ex-governador do departamento (província) de Canelones, região que conforma boa parte do que se considera como a Grande Montevidéu. A altíssima aprovação da sua gestão o levou a vencer as prévias frenteamplistas contra a ex-prefeita da capital, Carolina Cosse, cujo governo também é muito bem avaliado – Cosse agora é sua candidata a vice-presidente.
Outro fator que favorece Orsi e a Frente Ampla é a comoção em torno do ex-presidente Pepe Mujica (2010-2015) que sofre de um câncer no esôfago. Apesar de estar submetido a um tratamento, e mesmo aos seus 89 anos, o ex-guerrilheiro tupamaro tem participado dos comícios da coalizão progressista, sempre enfatizando, em seus discursos, que esta eleição marcará sua “despedida da política”.
Leia também:
Uruguai: pesquisas mostram Frente Ampla com chances de eleger presidente no primeiro turno
Orsi, Delgado e Ojeda: quem são candidatos que tentam chegar ao poder no Uruguai
‘Despedida de Mujica reforça favoritismo da Frente Ampla nas eleições uruguaias’, afirma analista
Segundo as quatro pesquisas publicadas na quinta-feira (24/10), Orsi chega a esta eleição com um índice de intenção de voto que varia entre 45% e 46%, o que permite especular com um cenário no qual ele seria eleito já neste primeiro turno.
Além disso, o candidato de esquerda possui uma vantagem grande sobre Álvaro Delgado, do Partido Nacional, representante da direita governista, que aparece com entre 24% e 25% nas diferentes pesquisas.
Delgado chega à disputa após cinco anos como ministro porta-voz do atual presidente, o neoliberal Luis Lacalle Pou, cujo governo foi marcado por uma boa gestão durante a pandemia de covid-19 – ele assumiu o poder em março de 2020, poucas semanas após a chegada do vírus à América Latina –, mas também por um conjunto de reformas econômicas que tem sido questionadas pela população, especialmente a reforma previdenciária.

Frente Ampla
Maior coalizão de esquerda tenta voltar ao poder no Uruguai após derrota na eleição em 2019, que finalizou 15 anos de hegemonia na política do país
O terceiro colocado, segundo as pesquisas, é Andrés Ojeda, do conservador Partido Colorado, que aparece com percentual variando entre 15% e 18%.
Nenhuma das demais oito candidaturas alcançam os 5% das intenções de voto, nem mesmo a do ex-militar Guido Manini Ríos, do partido de extrema direita Cabildo Aberto, que surpreendeu em 2019 ao obter 11,5% dos votos válidos, mas que desta vez aparece com entre 2% e 4%, dependendo da pesquisa.
Cenário de segundo turno
O temor dos líderes da Frente Ampla é que, em um eventual segundo turno, as demais candidaturas, quase todas de direita, se unam contra Orsi e coloquem em risco sua vitória.
Esse movimento aconteceu em 2019, quando o frenteamplista Daniel Martínez venceu Lacalle Pou no primeiro turno por quase 11 pontos de diferença (39,1% contra 28,6%), mas acabou sendo superado no segundo por pouco mais de um ponto (50,8% contra 49,2%).
Para vencer as eleições já no primeiro turno, Orsi precisa ter mais de 50% dos votos válidos neste domingo. Caso isso não aconteça, um segundo turno acontecerá no dia 24 de novembro.
Quem vencer as eleições no Uruguai terá pela frente um mandato de cinco anos, entre março de 2025 e março de 2030, sem direito a reeleição direta – ou seja, podendo voltar a concorrer à Presidência somente nas eleições de 2034.























