Uruguai busca compromisso político do Brasil para desbloquear projeto energético
Uruguai busca compromisso político do Brasil para desbloquear projeto energético
No próximo dia 10 de março, os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Uruguai, Tabaré Vázquez, vão se encontrar em Brasília para discutir, além dos impactos da crise econômica mundial no Mercosul, outro tema que vem trazendo grande preocupação aos uruguaios: a indefinição do projeto Interconexão Elétrica de 500 MW Uruguai-Brasil, que prevê a construção de linhas de transmissão de energia elétrica para permitir um abastecimento permanente.
O Uruguai atravessa uma grave crise energética, motivada fundamentalmente pela seca que afeta o país. Isso levou o governo a racionar, meses atrás, o uso da eletricidade, o que provocou a paralisação de metade dos elevadores de edifícios públicos e a redução da iluminação de espaços públicos.
Apresentado em dezembro de 2007 ao Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem), o projeto está sendo estudado pela Comissão de Representantes Permanentes do Mercosul (CRPM) há um ano e tem chances de ser aprovado por todos os países do bloco. No entanto, a Argentina alega que precisa de mais tempo para uma avaliação completa.
Em dezembro do ano passado, Lula se comprometeu a fazer esforços junto ao governo argentino para desbloquear o projeto, mas até agora não houve avanço. Em março, Tabaré Vázquez vai insistir no aumento no fornecimento de energia e propor um compromisso político explícito de ambos os países para que se avance na interconexão, disse ao Opera Mundi o diretor de Assuntos Econômicos Internacionas, Integração e Mercosul, Walter Cancela.
“É uma mensagem de compromisso político, mas que também buscará avançar em algumas etapas, provavelmente as que levem à conclusão dos projetos”, disse Cancela. “Todos os elementos técnicos do projeto estavam a favor do Uruguai e só faltava a aprovação da CRPM. A Argentina solicitou mais informação, que já foi entregue. Não é um assunto bilateral com o Brasil, é do Mercosul. Nesse sentido, o que importa em matéria de interconexão energética é que Brasil e Uruguai estejam dispostos a chegar a um acordo. Depois veremos se será financiado pelo Focem ou de outra maneira”, acrescentou.
O Ministério das Relações Exteriores argentino informou que o projeto de interconexão energética entre Brasil e Uruguai “prossegue sob a análise da chancelaria e de outras áreas do governo argentino”.
Brasil aumenta fornecimento de energia temporariamente
Ontem (12), o chanceler uruguaio Gonzalo Fernandéz esteve no Brasil e se encontrou com os ministros Celso Amorim (Relações Exteriores), Guido Mantega (Economia) e Edison Lobão (Minas e Energia) para preparar a agenda dos mandatários para a reunião de março. Na ocasião, o Brasil se comprometeu a aumentar em 200 megawatts (MW) o abastecimento de energia ao Uruguai.
“O Uruguai recebe neste momento 300 MW de energia, mas frente à situação de crise energética que estamos vivendo, solicitei ao ministro brasileiro, Edison Lobão, que elevasse o total para 500 MW. Ele concordou e nos próximos dias já receberemos a energia”, anunciou o chanceler uruguaio.
O aumento valeria para o período de fevereiro a abril, mas o mais provável é que só ocorra até março, segundo a Agência Brasil, que cita o Ministério de Minas e Energia com fonte. Enfim, trata-se de um paliativo. O que o Uruguai deseja é um reforço permanente no fornecimento de energia no âmbito do Mercocul, dentro da lógica de que os países mais abastados do bloco (Brasil e Argentina) devem fazer alguns investimentos para reduzir a discrepância em relação às economias do Uruguai e do Paraguai.
O Focem é um fundo criado com esse objetivo. O problema é que nenhum país esbanja recursos energéticos. O Brasil possui diversas fontes, mas não se sabe se serão suficientes sequer para suprir o crescimento econômico do país. A Argentina, que assim como o Brasil importa gás boliviano, também passa por uma seca terrível, a exemplo do Uruguai. Leia mais.
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