Uganda nega acordo com EUA para receber imigrantes indocumentados
Ministro alega falta de infraestrutura e contradiz documentos internos da Casa Branca que citavam o país como destino de deportados
Uganda negou ter firmado qualquer acordo com os Estados Unidos para receber imigrantes indocumentados, contradizendo informações que apontavam um entendimento entre o país africano e o governo Trump para esse fim.
Segundo a reportagem da CBS News, publicada nesta terça-feira (19/08), os documentos internos da Casa Branca indicaram acordos de deportação com os governos de Honduras e Uganda.
Henry Oryem Okello, ministro de Estado das Relações Exteriores de Uganda, afirmou à agência britânica Reuters que o país não possui estrutura para abrigar esses imigrantes. “Até onde sei, não firmamos tal acordo. Não temos instalações nem infraestrutura para receber imigrantes ilegais em Uganda. Portanto, não estamos em condições de acolhê-los”, declarou Oryem.
A declaração surge no momento em que os EUA têm deportado condenados por crimes para nações que não seus países de origem, como Sudão do Sul e Essuatíni. De acordo com a emissora norte-americana, Uganda teria “concordado em receber deportados dos EUA oriundos de outros países do continente, desde que não possuíssem antecedentes criminais”.
O The Guardian informou que a Casa Branca não respondeu imediatamente os pedidos de esclarecimento.

Henry Oryem Okello, ministro de Estado das Relações Exteriores de Uganda, afirmou não ter acordado as deportações com os EUA
AMISOM Public Information – Flickr
Em junho, o Departamento de Segurança Interna dos EUA justificou as deportações para terceiros países – prática de enviar imigrantes sem documentação para nações que não as de origem – como necessárias para expulsar indivíduos “cujo comportamento bárbaro é tão extremo que seus próprios países se recusam a recebê-los”.
Em outro episódio, em julho, Washington enviou cinco imigrantes do Vietnã, Jamaica, Laos, Iêmen e Cuba para Essuatíni – uma monarquia absoluta com histórico preocupante em direitos humanos. O país, alvo de um relatório crítico do Departamento de Estado norte-americano em 2023, disse ter aceitado os deportados após “meses de sólido diálogo em alto nível” com a Casa Branca.
Uganda, aliada dos EUA na África Oriental, abriga cerca de 2 milhões de refugiados e solicitantes de asilo, majoritariamente originários de países vizinhos como República Democrática do Congo, Sudão do Sul e Sudão.























