Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retomou a sua guerra comercial nesta segunda-feira (07/07). Uma nova onda de tarifas foi anunciada contra 14 países, dez entre eles são economias asiáticas. Para os demais, a trégua se estende até 1º de agosto.

Laos e Mianmar (40%), Tailândia e Camboja (36%), Bangladesh (35%), Indonésia (32%), África do Sul (30%), Coreia do Sul, Japão, Cazaquistão e Malásia (25%) estão entre os países que receberam as cartas de Washington.

“Se, por qualquer motivo, você decidir aumentar suas tarifas, então, qualquer que seja o número que você escolher para aumentá-las, será adicionado aos 25% que cobramos”, afirma o texto.

Nas últimas semanas, os países asiáticos tentaram evitar as cobranças, em vão. A Indonésia, informa o NYT, prometeu comprar US$ 34 bilhões adicionais em grãos e combustíveis dos EUA. A Tailândia ofereceu reduzir barreiras comerciais e adquirir mais aeronaves norte-americanas. O Japão propôs ampliar a importação de gás natural liquefeito por duas décadas. A Coreia do Sul enviou seu principal negociador comercial e o conselheiro de segurança nacional. Em vão.

Trump retoma tarifaço com pressão sobre economias asiáticas
Molly Riley / White House

China

Ao mirar nas economias asiáticas, Trump pretende atingir a China, a maior economia da região. As cartas trazem uma cláusula contra o chamado “transbordo” de mercadorias. “As mercadorias transbordadas para evitar uma tarifa mais alta estarão sujeitas a essa tarifa mais alta”, diz o texto.

O objetivo é impedir que produtos chineses entrem nos EUA através de países intermediários. A cláusula já apareceu no único acordo fechado por Trump na região até agora, com o Vietnã, que aceitou, em princípio, aplicar tarifa de 40% a bens vindos da China que cruzem suas fronteiras.

No caso dos semicondutores, componente essencial para desde iPhones a automóveis, detalha The Guardian, as empresas taiwanesas e sul-coreanas dominam a produção de chips há décadas, mas a cadeia de suprimentos é altamente especializada: envolve materiais e equipamentos do Japão, testes em laboratórios na Malásia, fábricas na China — e, muitas vezes, vendas diretamente ao mercado chinês.

Esse arranjo tem incomodado Washington, que busca desacelerar o avanço da China, especialmente em setores estratégicos como o desenvolvimento da inteligência artificial.

Acordos

Até o momento, apenas Reino Unido, China e Vietnã fecharam acordos com os EUA. As exigências são claras: para escapar das tarifas, os países devem transferir produção industrial para o território norte-americano.

Apesar da performance ameaçadora, Trump indicou que ainda há margem para negociação. “Eu diria firme, mas não 100% firme. Se eles ligarem e disserem que gostariam de fazer algo de uma maneira diferente, estaremos abertos a isso”, afirmou.

Após a retomada das cobranças, o mercado financeiro reagiu negativamente. O índice S&P 500 caiu 0,8% e o Dow Jones recuou 0,9%. O dólar americano, por sua vez, segue em trajetória de desvalorização: já perdeu 10,8% em 2025, o pior desempenho da moeda em mais de meio século.

Com The Guardian e NYT.