Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O presidente dos EUA, Donald Trump, reconheceu publicamente sua responsabilidade pelos atentados a navios no Caribe e no Pacífico, ligando-os, sem provas, a “cartéis terroristas” associados ao governo venezuelano e a outros atores não especificados.

Suas declarações, feitas durante o American Business Forum (ABF) em Miami nesta quarta-feira (05/11), surgem em meio à crescente preocupação internacional com as mais de 66 pessoas mortas em cerca de 17 operações militares desde setembro, ações denunciadas pelas Nações Unidas (ONU) como execuções extrajudiciais.

“Estamos explodindo terroristas de cartéis ligados ao regime de Maduro na Venezuela e em outros lugares. Não é só na Venezuela”, afirmou Trump, reforçando uma narrativa que associa o governo venezuelano ao narcotráfico, embora nenhuma acusação contra o presidente Nicolás Maduro tenha sido comprovada perante tribunais internacionais.

O presidente dos EUA justificou os ataques mortais argumentando que eles supostamente evitavam mortes em seu país: “Cada navio que atacamos mata, pensem nisso, se ele conseguir passar, mata 25.000 americanos ou mais. Cada vez que atacamos um navio, salvamos 25.000 vidas… vocês têm que olhar por essa perspectiva”.

No entanto, o Gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, chefiado por Volker Türk, afirmou que os ataques “não foram realizados no contexto da defesa nacional ou contra indivíduos que representam uma ameaça iminente à vida”, o que poderia constituir crimes internacionais.

Donald Trump defende os ataques ordenados contra supostos cartéis de drogas durante o Fórum Empresarial Americano em Miami

Donald Trump defende os ataques ordenados contra supostos cartéis de drogas durante o Fórum Empresarial Americano em Miami
Official White House / Daniel Torok

As operações, realizadas pelo Comando Sul dos EUA, incluíram o uso de força letal contra embarcações em águas internacionais sem procedimentos legais prévios.

Isso levantou questões sobre a legitimidade da abordagem militar dos EUA e sua instrumentalização para fins geopolíticos, especialmente considerando os indícios de que o governo Trump está cogitando estender os bombardeios a alvos militares dentro da Venezuela, o que reforça as suspeitas de uma estratégia de mudança de regime.

No mesmo fórum, a líder da oposição venezuelana de extrema-direita, María Corina Machado, endossou a posição de Trump e descreveu Maduro como o “líder de uma rede narcoterrorista”. No entanto, sua posição contrasta fortemente com a da comunidade internacional, que exige investigações independentes, rápidas e transparentes, bem como o pleno respeito ao direito internacional humanitário.

A militarização do Caribe e do Pacífico pelos EUA, sob o pretexto do combate às drogas, gerou alertas regionais sobre o uso desproporcional da força e a possível escalada da violência na América Latina e no Caribe.

Os governos da Venezuela, Colômbia e Cuba rejeitaram o destacamento militar e alertaram repetidamente sobre a ameaça que ele representa para a região.

A este respeito, destacaram a necessidade de preservar a América Latina e o Caribe como uma “Zona de Paz”, conforme proclamado na II Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), realizada em Havana em 2014.