Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seus principais assessores anunciaram nesta segunda-feira (15/09) que pretendem usar todo o aparato federal para punir o que alegam ser uma “rede de esquerda” responsável por incitar a violência política no país.

Reportagem do New York Times destaca a manobra republicana após o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk, morto a tiros na semana passada em Utah, na última quarta-feira (10/09). Assim que soube do assassinato, Trump culpou a “extrema esquerda” pela violência política no país, o que foi reiterado pelo governador do estado, Spencer Cox, ao afirmar que o principal suspeito do assassinato teria uma “ideologia de esquerda”.

Na sexta-feira (12/09), em entrevista ao Fox & Friends, Trump reiterou a acusação, afirmando que “radicais vis e horríveis” da esquerda impediram a união do país depois do crime. No domingo (14/09), ele voltou a afirmar que “muitas pessoas que você tradicionalmente diria que são da esquerda já estão sob investigação”.

Segundo o jornal estadunidense, mesmo sem apresentar evidências de uma organização coordenada, o presidente norte-americano e aliados prometeram medidas amplas, incluindo acusações de terrorismo doméstico e processos de extorsão.

“Temos alguns grupos bastante radicais e eles escaparam impunes de assassinatos”, disse Trump ao afirmar que gostaria de designar o grupo antifascista “antifa” e outros movimentos de esquerda como terroristas domésticos.

Ele destacou que está conversando com a procuradora-geral Pam Bondi para apresentar acusações sob a Lei de Organizações Corruptas e Influenciadas por Extorsão contra “pessoas sobre as quais você tem lido que estão investindo milhões e milhões de dólares em agitação”.

Macarthismo

O britânico The Guardian ouviu lideranças de organizações progressistas nos Estados Unidos. Elas expressaram preocupação com a nova onda de perseguição política no país, e afirmaram que a retórica do governo e de parlamentares republicanos lembra a era do macarthismo e o Comitê de Atividades Antiamericanas da Câmara, que perseguia os comunistas durante a Guerra Fria.

Nesta segunda-feira (15/09), em conversa no podcast de Kirk, com vice-presidente JD Vance, Stephen Miller, vice-chefe de gabinete para políticas da Casa Branca afirmou que a administração Trump irá “usar todos os recursos que tem no Departamento de Justiça, Segurança Interna e em todo este governo para identificar, interromper, desmantelar e destruir essas redes”.

Vance, que era amigo íntimo de Kirk, afirmou que o governo “não vai atrás do discurso protegido constitucionalmente”, mas mirará “organizações não-governamentais sem fins lucrativos que fomentam, facilitam e se envolvem em violência”.

Trump promete ação federal contra ‘rede de esquerda’ nos EUA
Molly Riley / White House

E acrescentou: “podemos agradecer a Deus que a maioria dos democratas não compartilha dessas atitudes, embora reconheça que algo deu muito errado com uma franja lunática, uma minoria, mas uma minoria crescente e poderosa na extrema esquerda”.

O jornal relata que, no dia seguinte ao assassinato, 22 membros do House Freedom Caucus pediram ao presidente da Câmara a criação de um comitê especial para investigar “o dinheiro, a influência e o poder por trás do ataque radical da esquerda contra a América e o Estado de direito”. Entre as organizações estão a Open Society Foundations de George Soros e a Southern Poverty Law Center (SPLC), que afirmaram temer uma nova rodada de pressões políticas.

Demissões

Segundo o NTY, dois altos funcionários do governo contaram ao jornal, sob condição de anonimato, que secretários de gabinete e chefes de departamentos federais já trabalham para identificar organizações que, segundo eles, financiam ou apoiam violência contra conservadores.

Reportagem da Reuters aponta que após o assassinato de Kirk, republicanos dos Estados Unidos têm promovido uma ofensiva digital contra pessoas que criticaram ou ironizaram a morte do influenciador. Demissões, suspensões e retaliações estão em curso. A reportagem contabiliza ao menos 15 pessoas demitidas ou afastadas de seus cargos, incluindo um funcionário da Nasdaq.

A Reuters também informa que o recém criado site Expose Charlie’s Murderers vem divulgando nomes de dezenas de pessoas acusadas pelos administradores da página de “apoiar a violência política online”.