Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, negou nesta sexta-feira (31/10) qualquer intenção de atacar a Venezuela quando foi questionado por jornalistas a bordo do Air Force One a respeito de recentes reportagens da imprensa norte-americana de que a Casa Branca considerava uma ofensiva ao país latino-americano. 

Sobre os supostos preparativos militares levantados inicialmente pelo Wall Street Journal, e posteriormente repercutidos pela imprensa global, o republicano apenas respondeu “não”. 

De acordo com fontes citadas pelos veículos locais, o governo dos Estados Unidos já teria definido os alvos específicos a atacar na Venezuela, o que incluiria algumas sedes militares utilizadas para o alegado “o contrabando de drogas”. No entanto, a decisão definitiva da ofensiva ainda não teria sido confirmada. Falava-se também na possível prisão do presidente Nicolás Maduro.

Pouco antes da negativa de Trump, a vice-secretária de imprensa da Casa Branca, Anna Kelly, também tentou conter os relatos, afirmando que “fontes não identificadas não sabem do que estão falando” e que “quaisquer anúncios sobre a política da Venezuela viriam diretamente do presidente”.

Desde setembro, Trump tem mobilizado uma operação militar em larga escala no Mar do Caribe, perto da costa venezuelana, justificando se tratar de um mecanismo de “combate ao narcotráfico” – argumento que é rejeitado pelos próprios congressistas republicanos. Em outubro, Washington também autorizou a atuação da agência secreta CIA sobre o território venezuelano. Até o momento, a Marinha norte-americana bombardeou pelo menos 15 embarcações perto da costa da nação latino-americana, causando dezenas de mortes. 

O presidente Maduro denuncia que essas operações têm natureza política e são destinadas a derrubar o seu regime. Contra as ameaças externas, na última sexta-feira (24/10) o líder bolivariano confirmou a criação de brigadas internacionais para defender a “independência, soberania e paz” nacionais em caso de agressão.

O que dizia a imprensa dos EUA?

O norte-americano The Wall Street Journal informou sobre os planos de ataque preventivo que incluiriam instalações e bases estratégicas das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB). Segundo a reportagem, o governo Trump teria identificado alvos na Venezuela “que incluem instalações militares usadas para contrabandear drogas, de acordo com autoridades dos EUA familiarizadas com o assunto”.

“Se o presidente Trump decidir avançar com os ataques aéreos, disseram eles, os alvos enviariam uma mensagem clara ao líder venezuelano Nicolás Maduro de que é hora de renunciar”, escreveu o jornal.

Por sua vez, ao Miami Herald, fontes próximas ao assunto informaram que tais alvos poderiam ser atingidos “por ar em questão de dias ou mesmo horas” e que também visavam “decapitar a hierarquia do cartel”. 

“Maduro está prestes a se encontrar preso e pode descobrir em breve que não pode fugir do país, mesmo que queira”, disse uma fonte ao periódico. “O que é pior para ele, agora há mais de um general disposto a capturá-lo e entregá-lo, plenamente consciente de que uma coisa é falar sobre a morte e outra é vê-la chegando”.

A fala faz referência aos bastidores recentemente divulgados pela Associated Press (AP), na terça-feira (28/10). Segundo o veículo, em 2024, o ex-agente federal dos Estados Unidos Edwin López teria proposto o piloto-chefe de Maduro, Bitner Villegas, a desviar o avião presidencial de sua rota original e se destinar a um local onde autoridades norte-americanas pudessem capturar o líder bolivariano. Em troca, o piloto se tornaria “um homem muito rico”. O plano foi um fracasso porque Villegas se negou a aderir.

EUA tentam designar ‘narcoterrorismo’

De acordo com a coluna de Jamil Chade, do portal UOL, o presidente Trump pretende usar a Cúpula das Américas, marcada para dezembro, para pressionar o bloco a classificar o crime organizado e os narcotraficantes como “terroristas”. De acordo com a apuração do colunista, nas negociações para o encontro entre os líderes, a diplomacia norte-americana tem insistido em garantir que o termo faça parte da declaração final.

A 10ª Cúpula das Américas, a ser realizada entre 4 e 5 de dezembro na República Dominicana, acontece sem a presença dos chefes de Estado da Colômbia, Gustavo Petro, e do México, Claudia Sheinbaum, que boicotaram o evento após o governo de Luis Abinader, no final de setembro, determinar a exclusão de Cuba, Nicarágua e Venezuela sob justificativa de buscar “evitar a polarização política”.

Uma vez que narcotraficantes são designados “narcoterroristas”, o governo norte-americano obtém o suposto direito de usar todos os meios, incluindo os bélicos, contra grupos terroristas que configurem uma segurança à nação.

Ainda de acordo com a coluna, o presidente argentino Javier Milei já declarou o apoio à proposta, enquanto países de gestões conservadores como Peru, Equador e Paraguai também devem seguir o exemplo. Já governos como o do Brasil, da Colômbia, do Chile e do Uruguai deverão se opor à inclusão do termo na declaração final.