Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O Tribunal Internacional para os Crimes (ICT, por sua sigla em inglês) de Bangladesh emitiu nesta quinta-feira (17/10) um mandado de prisão contra a ex-primeira-ministra exilada Sheikh Hasina, que fugiu para a Índia em agosto após protestos liderados pelos estudantes do país.

O promotor-chefe Mohammad Tajud Islam mencionou seu suposto envolvimento em assassinatos durante as manifestações, que foram reprimidas pela polícia e resultaram na morte de mais de 700 pessoas.

“O tribunal ordenou a prisão da ex-primeira-ministra Sheikh Hasina e sua apresentação em 18 de novembro”, disse Islam à imprensa.”Sheikh Hasina estava comandando aqueles que cometeram massacres, assassinatos e crimes contra a humanidade em julho e agosto”.

O ICT também ordenou a prisão de Obaidul Quader, o ex-secretário-geral do partido Liga Awami, de Hasina, bem como 44 outros aliados da sigla que não foram identificados. Ex-ministros do gabinete e outros membros seniores do Liga Awami já foram presos.

Wikimedia Commons/DelwarHossain
O Tribunal Internacional para os Crimes de Bangladesh emitiu um mandado de prisão contra a ex-primeira-ministra exilada Sheikh Hasina, que fugiu para a Índia, em agosto, após protestos liderados pelos estudantes do país

Protestos contra Sheikh Hasina

Após 15 anos de mandato, a ex-primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, renunciou em 5 de agosto. No mesmo dia, o Comando das Forças Armadas relatou que a autoridade havia tomado um helicóptero para fugir do país, em direção à vizinha Índia.

Desde junho, o país localizado no sudeste asiático vinha sendo palco de protestos semanais, com estudantes manifestando frustração devido à escassez de empregos e se opondo à reinstituição de um controverso sistema de cotas para a contratação no setor público, extinto em 2018, que beneficiaria sobretudo membros do partido da ex-premiê.

A medida reavivada pela Suprema Corte do Bangladesh previa reservar 30% das vagas a descendentes de veteranos da guerra da independência do país contra o Paquistão, em 1971. Com a revolta dos estudantes, em julho, o Tribunal Superior chegou a reduzir a cota para 5%, mas, os protestos continuaram e se transformaram num movimento mais amplo contrário ao governo de Hasina.

No ápice das manifestações, o Ministério do Interior chegou a decretar um toque de recolher obrigatório por tempo indeterminado, em todo o país.

Após a fuga de Sheikh, Muhammad Yunus, que não pertence a nenhum partido político, tornou-se o novo primeiro-ministro de Bangladesh. Apelidado de “banqueiro dos pobres” por sua dedicação à luta contra a desigualdade, o economista de 84 anos foi principalmente entoado pelos estudantes que se levantaram contra o governo de Sheikh.

(*) Com RFI e Deutsche Welle