Sábado, 6 de dezembro de 2025
APOIE
Menu

O anúncio do presidente Donald Trump de impor tarifas de 30% sobre produtos europeus a partir de 1º de agosto deixou em alerta autoridades europeias. Segundo o comissário europeu de Comércio, Maroš Šefčovič, a medida “praticamente proibiria” o comércio transatlântico, hoje avaliado em €4,4 bilhões por dia.

“Seria quase impossível continuar com o fluxo atual de trocas”, afirmou Šefčovič ao chegar para uma reunião com ministros da União Europeia (UE), nesta segunda-feira (14/07), em Bruxelas.

Šefčovič expressou frustração com o rumo das negociações. “A sensação do nosso lado era de que estávamos muito próximos de um acordo”, disse. Os dois lados trabalhavam em um entendimento que previa um teto de 10% nas tarifas, ainda considerado alto, mas aceitável.

No sábado (12/07), porém, Trump encaminhou uma de suas cartas abertas à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, alegando um “déficit comercial” registrado pelo país. Ele estipulou uma tarifa de 30% sobre os produtos europeus, o que foi recebido como uma ruptura brusca e inesperada no processo de negociações.

Diante da ameaça, a UE decidiu adiar a implementação de tarifas retaliatórias sobre €21 bilhões em produtos norte-americanos, que entrariam em vigor à meia-noite desta segunda-feira (14/07). O novo prazo é agora 1º de agosto, o mesmo dia do ultimato de Trump.

Ainda assim, ministros europeus debatem uma nova rodada de contramedidas, que pode atingir até €72 bilhões em importações dos Estados Unidos.

‘Seria quase impossível continuar com o fluxo atual de trocas’ entre EUA e países europeus, afirmou comissário europeu de Comércio
Reprodução X / @MarosSefcovic

Advertências dos países

O ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Lars Løkke Rasmussen, que preside os encontros, advertiu que uma escalada comercial com os EUA seria “devastadora para ambos os lados”, embora tenha defendido uma postura firme. “Não queremos escalar o conflito, mas também precisamos mostrar força”, declarou.

A França pediu pressa na adoção de retaliações e sugeriu o uso do novo “instrumento anticoerção” do bloco, legislação inédita que permite sanções contra países que se valem do comércio como ferramenta política.

Já Alemanha e Itália pediram cautela. Enquanto Berlim defende uma reação “pragmática”, Roma alerta contra os riscos de uma guerra comercial.

Países do leste europeu, por sua vez, temem que represálias contra Washington levem a uma redução da presença militar dos EUA na região. O chanceler da Lituânia, Keṣtutis Budrys, disse que é preciso evitar a escalada, lembrando de temas sensíveis como a crise do fentanil, que exigem cooperação com os EUA.

Embora Trump tenha criticado México e Canadá sobre o tráfico da droga, a questão não faz parte das conversas comerciais com a Europa.

Com The Guardian.