Tarifa zero: Índia e Reino Unido firmam acordo de livre comércio
99% das exportações indianas ao país terão taxas zeradas; enquanto vendas de Londres passarão por reduções graduais até atingirem o mesmo patamar
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, iniciou nesta quarta-feira (23/07) uma visita de dois dias ao Reino Unido para assinar um acordo de livre comércio considerado histórico. A iniciativa é apontada como um triunfo político e econômico em meio à guerra tarifária de Donald Trump.
Segundo The Guardian, para Londres, trata-se do pacto comercial mais relevante desde o Brexit; para Nova Délhi, é o primeiro grande tratado fora da Ásia, simbolizando uma parceria estratégica de longo prazo.
Modi se encontrará nesta quarta com o premiê britânico, Keir Starmer, para fechar as tratativas do livre comércio. Ele se reunirá com o rei Charles.
Além de tarifa zero, o tratado prevê concessões importantes para os indianos, como a flexibilização de vistos de trabalho, reconhecimento de qualificações profissionais e isenção de contribuições previdenciárias para os que se encontram temporariamente no Reino Unido.
Após a formalização do acordo, os parlamentos de ambos os países precisarão aprovar o acordo. Isso deve adiar sua implementação para meados de 2026.
Tarifa zero
Pelo acordo, 99% das exportações indianas ao Reino Unido – incluindo pedras preciosas, têxteis, produtos de engenharia, couro, vestuário e alimentos processados – terão tarifa zero. Em contrapartida, Londres verá reduções graduais em 90% de suas vendas para a Índia. Os automóveis britânicos, hoje taxados em mais de 100%, terão tarifas reduzidas para 10% dentro de um sistema de cotas, por exemplo.

Modi visita Reino Unido para assinar um acordo de livre comércio considerado histórico
Gabinete do Primeiro Ministro do Governo da Índia/Wikicommons
O jornal britânico informa que o tratado trará alívio tarifário para dispositivos médicos, fármacos, peças aeronáuticas e equipamentos eletrônicos. Outro ponto inédito é a abertura do vasto mercado de compras governamentais da Índia para empresas britânicas. Isso pode beneficiar setores como energia limpa, transporte e infraestrutura.
Modi manteve fora das discussões a agricultura, setor que emprega mais de 40% da força de trabalho do país. Também ficaram de fora questões sensíveis, como inclusão de serviços financeiros e jurídicos, além do tratado bilateral de investimentos que daria maior proteção a investidores.
Outro ponto adiado nas negociações foi o Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM), que a Índia considera injusto por penalizar as economias em desenvolvimento.























