Sábado, 6 de dezembro de 2025
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As eleições presidenciais na Guatemala ainda não terminaram. Neste sábado (30/09), o Ministério Público do país centro-americano decidiu sequestrar dezenas de urnas e atas eleitorais relativas tanto ao primeiro turno eleitoral (realizado em 25/06) quanto ao segundo turno (em 20/08).

A decisão foi tomada pelo promotor Rafael Curruchiche, após um operativo de busca e apreensão na sede do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), órgão responsável por organizar e fiscalizar os processos eleitorais no país. A ação teve início na tarde de sexta-feira (29/09) e durou mais de 18 horas, segundo a imprensa local.

Antes de confiscar as urnas e atas eleitorais, o representante do Ministério Público declarou aos meios de comunicação que “esta é uma operação que faz parte de uma investigação confidencial, que busca resgatar a democracia do país que foi golpeada pela Organização dos Estados Americanos (OEA)”.

A alusão à OEA levantou suspeitas sobre uma possível motivação política por trás da ação do promotor, já que o organismo se manifestou publicamente semanas atrás pedindo que fosse respeitado o resultado das urnas, que proclamou Bernardo Arévalo, do partido de centro-esquerda Movimento Semente, como presidente eleito.

Nos vídeos e imagens que circulam nas redes sociais é possível perceber como autoridades do Ministério P´´ublico e do TSE entraram em confronto na sede do organismo eleitoral. Alguns ministros tentaram bloquear a saída, argumentando que “a democracia está sendo violada”.

Promotor responsável pela decisão, Rafael Curruchiche é o mesmo que tentou suspender a personalidade jurídica do partido Movimento Semente, do presidente eleito Bernardo Arévalo

Prensa Libre

Polícia da Guatemala confiscou urnas eleitorais que estavam guardadas na sede do TSE do país, por ordem do Ministério Público

Devido a essa postura, os promotores pediram a suspensão da imunidade dos ministros envolvidos, para que possam ser denunciados por “tentativa de obstrução da Justiça”.

A própria OEA foi uma das primeiras entidades a manifestar seu repúdio à decisão do Ministério Público guatemalteco. “Está é a quinta diligência contra o TSE realizada este ano, sem a devida motivação, atacando as funções, independência e autonomia do órgão eleitoral, o que configura um cerco permanente e sem fundamentos ou motivação clara, semelhante aos que costumar realizar os regimes autoritários”, afirmou a nota.

Por sua parte, o Movimento Semente expressou seu pedido à Corte Constitucional e demais órgãos judiciais superiores do país que atuem para frear o ímpeto do Ministério Público contra o seu partido. “O povo já está cansado de viver tantos abusos e manobras obscuras”, disse a nota divulgada pela legenda. O presidente eleito Bernardo Arévalo ainda não se pronunciou sobre o caso.

Vale lembrar que Curruchiche já havia atuado durante o segundo turno, quando tentou justamente impugnar a candidatura de Arévalo, ao suspender o registro do seu partido sob a acusação de uma suposta inscrição irregular de um militante ocorrida em maio de 2022.

Na ocasião, a decisão do promotor foi acatada por um tribunal menor da Cidade da Guatemala, mas derrubada dias depois por decisão da Corte Constitucional. Em seguida, a Corte Suprema de Justiça (CSJ) do país ratificou o arquivamento do processo.

Com informações do Prensa Libre.