Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O governo de Donald Trump enfrenta um impasse político no Congresso dos Estados Unidos. Sem acordo entre republicanos e democratas para a aprovação do novo orçamento, o país se aproxima do chamado “shutdown”, um fechamento administrativo com redução orçamentária que pode entrar em vigor às 0h01 desta quarta-feira (01/10), afetando os serviços federais em todos os 50 estados norte-americanos.

Na última segunda-feira (29/09), Trump se reuniu com líderes democratas e republicanos, mas a conversa não avançou, pelo contrário. Após a reunião, o presidente dos Estados Unidos postou em sua Truth Social ter concluído, depois de “revisar as exigências ridículas e pouco sérias da minoria radical de esquerda” que “nenhuma reunião com seus líderes poderia ser produtiva”.

“Eles ameaçam fechar o governo dos EUA a menos que consigam mais de US$ 1 trilhão em novos gastos para continuar oferecendo saúde gratuita a imigrantes ilegais, financiar cirurgias de transição de gênero para menores, permitir que criminosos estrangeiros roubem bilhões em benefícios, abrir as fronteiras e deixar homens competirem em esportes femininos”, disse Trump.

E complementou: “os democratas no Congresso parecem ter perdido completamente o rumo”. O vice-presidente JD Vance também se manifestou, afirmando que “os democratas não farão a coisa certa” e culpando a oposição por levar o país ao colapso administrativo. Na avaliação da Casa Branca, a paralisação parece inevitável.

Saúde no centro da disputa

Os republicanos tentaram aprovar um orçamento temporário, válido até novembro, para ganhar tempo nas negociações. Os democratas, porém, foram irredutíveis em sua pressão pela recomposição dos recursos destinados à saúde, em particular, aos programas Medicaid e Affordable Care Act, que acusam de sofrer “cortes drásticos”.

Para eles, Trump vem usando o “shutdown” como instrumento eleitoral para reforçar o seu discurso de combate ao chama de “esquerda radical”, prometendo cortes em gastos sociais. O senador Bernie Sanders resumiu o impasse: a questão é “se os republicanos vão se safar com o aumento dos prêmios de saúde em 75% para 20 milhões de americanos jogando 15 milhões de pessoas fora de seus cuidados de saúde. Não podemos permitir que isso aconteça”, postou em suas redes sociais.

Impasse sobre novo orçamento pode paralisar governo Trump
White House / Abe McNatt

Na plataforma X, o senador Chuck Schumer, líder da minoria democrata no Senado, disse que “se o governo fechar, é porque os republicanos preferem fechá-lo em vez de ajudar as pessoas a pagar pelos cuidados de saúde”. O líder da maioria republicana na Casa legislativa, o senador John Thune, acusou os democratas de tomarem “o governo federal como refém” para satisfazer as demandas de grupos de extrema esquerda. “Isto é um sequestro do povo americano — e é o povo americano quem vai pagar o preço”, afirmou.

Na presidência da Câmara, o republicano Mike Johnson afirmou à Fox News que Trump está “aberto ao diálogo” e “quer agir de boa-fé”. Enquanto o líder democrata na Câmara, Hakeem Jeffries, apontou que as lideranças do Partido Democrata não apoiarão qualquer legislação que “continue a destruir a saúde dos americanos”, apontando como única saída um “consenso bipartidário que realmente satisfaça as necessidades do povo americano em matéria de saúde, segurança e bem-estar econômico”.

Paralisia

Caso ocorra o “shutdown”, a paralisação dos serviços federais poderá atingir funcionários considerados não essenciais, em dispensas ou até mesmo trabalhos sem remuneração até a aprovação de um novo orçamento. Com isso, o pagamento de benefícios do governo poderá sofrer atrasos,  além de comprometer outras atividades do governo.

O tráfego aéreo, por exemplo, poderá ser prejudicado por falta de pessoal, além de serviços como emissão de passaportes e vistos. As atividades das Forças Armadas e órgãos de segurança nacional, que continuam em vigor, também podem sofrer restrições orçamentárias.

Frente a este cenário, sindicatos de servidores federais anunciaram mobilizações na capital do país, enquanto empresários alertam que a paralisação poderá comprometer o funcionamento das cadeias de suprimentos, prejudicando os seus negócios.