Série radiofônica une artistas e movimentos pelo direito à terra na América Latina

A nova série radiofônica do programa Voces Andantes, O Direito à Terra na América Latina e Caribe, começa neste domingo (02/11) em mais de 50 emissoras da região e é uma produção da continuidade do trabalho de Pablo Silveira, elaborada como forma de entrelaçar a multiplicidade de experiências, realidades e sonhos latinos.

Segundo Silveira, a ideia surgiu na valorização da “rica experiência acumulada” que os povos da América Latina e o Caribe têm em relação à “capacidade de luta e organização em defesa da vida”. A Opera Mundi, o idealizador disse acreditar que a unidade latina é um meio para “romper os muros da impunidade e da prepotência e seguir construindo, a partir da base, um presente e um futuro solidário e de justiça social”.

Através de dezenas de vozes de artistas, intelectuais, militantes de base e movimentos sociais, a série busca amplificar as histórias acumuladas dos povos da região, desenhando os horizontes da esperança em um contexto regional desafiador.

“Há uma trama de vozes e de experiências acumuladas nas histórias de nossos povos que nos desenham os horizontes da esperança e que é necessário escutar. Trago dezenas de vozes de compatriotas latino-americanos que vão abordar o tema da terra a partir de diferentes olhares”, disse.

Dentre os nomes que irão participar da série estão alguns brasileiros, como João Cândido Portinari, fundador e diretor-geral do Projeto Portinari e único filho do artista, e a militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) Elizana Monteiro dos Santos.

Pablo Silveira lança a série ‘O Direito à Terra na América Latina e Caribe’ como direito fundamental
Arquivo pessoal

Para Silveira, a luta pela terra é apresentada como uma questão sem fronteiras, como “um fio condutor da história comum latino-americana desde os tempos da conquista”. Esse cenário é agravado pelo contexto político atual, marcado pelo avanço de forças de extrema direita e por ingerências externas, que ameaçam os direitos humanos e a vida comunitária.

“Vivemos em uma das regiões mais desiguais do planeta, onde milhares de compatriotas latino-americanos são despejados de seus territórios por aqueles que querem continuar concentrando a terra, a riqueza e o poder em detrimento das grandes maiorias. Não podemos deixar que cerquem a nossa esperança e os nossos sonhos. Vivemos um tempo em que os senhores da guerra avançam, depredam e querem submeter nossos povos, aprofundando a miséria e desrespeitando os direitos humanos essenciais para a vida”, disse.

A série, então, posiciona-se como um ato de resistência necessário para reforçar a construção de subjetividades coletivas frente a esse avassalamento.

Outras personalidades confirmadas no programa são de distintas partes da região latina, como o sociólogo argentino Atilio Borón; Deolinda Carrizo, do Movimiento Campesino de Santiago del Estero (MOCASE-MNCI) do Chile; Leonor Díaz Santos, integrante do Conselho dos Povos Unidos pela Defesa do Rio Verde em Oaxaca do México; Patricia Castillo, ativista social pelo direito da terra e investigadora da Guatemala; e Miriam Miranda, coordenadora geral da Organização Fraternal Negra de Honduras.