Sem EUA, G20 rechaça ‘uso da força’ em conflitos internacionais
Fórum que reúne principais economias do mundo aprovou declaração durante cúpula anual em Joanesburgo, na África do Sul
Os chefes de Estado e de governo do G20, fórum que reúne as principais economias do mundo, aprovaram neste sábado (22/11) uma declaração durante sua cúpula anual em Joanesburgo, apesar da ausência dos Estados Unidos nas discussões e da discordância da Argentina, que se recusou a endossar o texto final.
O documento, que abordou problemas dos países do Sul Global na agenda, reforçou que a Carta das Nações Unidas continua sendo “o guia essencial para a resolução de conflitos internacionais”, além de enfatizar a importância de “evitar o uso da força e promover soluções pacíficas”.
Reunido sob o lema, “Solidariedade, igualdade, sustentabilidade”, o G20 identificou quatro conflitos críticos como prioritários: os que ocorrem na República Democrática do Congo, no Sudão, na Ucrânia e na Palestina.
A Presidência sul-africana do G20, que assumiu o cargo em dezembro de 2024, anunciou nas redes sociais que a declaração foi adotada por uma esmagadora maioria dos Estados-membros.
LIVE | His Excellency Cyril Ramaphosa, President of the Republic of South Africa opens the G20 Leaders’ Summit, Johannesburg, South Africa. #G20SouthAfrica#ReKaofela#BetterAfricaBetterWorld https://t.co/IsmIi0OTuT
— G20 South Africa (@g20org) November 22, 2025
“A adoção da declaração da cúpula envia um sinal importante ao mundo de que o multilateralismo pode e produz resultados”, enfatizou a Presidência em seu comunicado.
A declaração destacou que o consenso “reflete a capacidade do multilateralismo de gerar resultados concretos” e também sublinhou a relevância da cooperação internacional no atual contexto global.
Vincent Magwenya, porta-voz do presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, havia declarado anteriormente que o documento foi aprovado por “acordo unânime de todos os países presentes”, o que “demonstra o compromisso que os membros do G20 têm com o multilateralismo como princípio de colaboração e cooperação”.
Magwenya explicou que, embora a declaração seja normalmente adotada no encerramento da cúpula, surgiu uma proposta durante as conversas bilaterais de sexta-feira (21/11) para que o texto fosse adotado como o item de abertura da agenda de sábado e, em seguida, a sessão prosseguisse com o restante da discussão.
Essa mudança de agenda foi possível graças ao trabalho preparatório das equipes ministeriais e dos representantes nacionais, que chegaram a um acordo de última hora.

G20 identificou quatro conflitos críticos como prioritários: no Congo, no Sudão, na Ucrânia e na Palestina
Ricardo Stuckert / PR
Ausência dos EUA e rejeição argentina
Contradizendo a narrativa de consenso absoluto, o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Pablo Quirno, afirmou que seu país não apoiaria a declaração devido a divergências com o texto acordado.
Ele também indicou que Buenos Aires já havia estabelecido suas “linhas vermelhas” para apoiar os objetivos mais amplos do fórum internacional e que essas linhas permaneciam em vigor.
Quirno enfatizou que “preservar a integridade do princípio do consenso no âmbito do G20” é essencial para o seu país. Nesse sentido, destacou a preferência argentina em não “prosseguir com um documento que não reflete com precisão a vontade coletiva dos membros”.
O primeiro dia da cúpula foi marcado pela ausência dos Estados Unidos nas deliberações. O presidente Donald Trump decidiu boicotar o encontro após afirmar que os africânderes, brancos descendentes de colonos holandeses na África do Sul, “estão sendo mortos e massacrados” e que suas terras estão sendo “confiscadas ilegalmente”, acusações que Pretória rejeitou categoricamente.
Em meio a tensões diplomáticas, a Casa Branca confirmou que a representação dos EUA na cerimônia se limitaria à presença do encarregado de negócios em Pretória, Marc Dillard, e reiterou que não participaria das discussões da cúpula. Enquanto isso, Ramaphosa indicou ter recebido uma notificação de última hora sobre a mudança de posição de Washington.
Os Estados Unidos assumirão a Presidência rotativa do G20 em 1º de dezembro , após a cerimônia em que a África do Sul passará a liderança do fórum internacional para Washington.
Embora Trump tenha anunciado semanas atrás que não compareceria à cúpula, ele indicou que seu país sediará o encontro em 2026 em um resort de sua propriedade em Doral, Miami, marcando a primeira vez em quase duas décadas que os EUA organizam o evento.
Além de Trump, outras ausências notáveis foram registradas no evento, incluindo os presidentes da China, Xi Jinping; da Argentina, Javier Milei; da Rússia, Vladimir Putin; e do México, Claudia Sheinbaum. Ainda assim, cerca de quarenta líderes, incluindo os do G20 e de países convidados como a Espanha, participam da cúpula em Joanesburgo.
O G20, criado em 1999, é composto por 19 países, além da União Europeia e da União Africana. O fórum reúne as principais economias do mundo para coordenar políticas que beneficiem o desenvolvimento global.
Na cúpula de Joanesburgo, que começou neste sábado e se estende até domingo (23/11), presidentes, primeiros-ministros e outros representantes de alto nível discutirão questões cruciais como crescimento econômico inclusivo e sustentável, comércio e financiamento para o desenvolvimento. Eles também abordarão a crise da dívida que afeta diversos países pobres, buscando soluções conjuntas.
Neste primeiro dia serão abordados temas como crescimento econômico inclusivo e sustentável, comércio, financiamento para o desenvolvimento e a dívida dos países pobres, em um contexto de crescente divisão geopolítica.
(*) Com Brasil247 e TeleSUR























