'Se tocarem na Venezuela, o povo saberá responder', afirma Maduro em plenária do PSUV
Plano de mobilização será discutido neste fim de semana em 60 mil comandos do partido
O presidente Nicolás Maduro e a cúpula do governo venezuelano participaram da Plenária Extraordinária do Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV), ocorrida nesta quinta-feira (11/09), no Teatro Municipal de Caracas. O encontro foi promovido para traçar estratégias de defesa, reforçar a soberania nacional e mobilizar a população frente à presença militar dos Estados Unidos nos mares caribenhos.
Maduro destacou que neste fim de semana serão realizados debates e consultas em mais de 60.000 comandos do PSUV para definir futuras linhas de ação. Estão previstas sete frentes de batalha em torno de três tarefas centrais: consolidar a capacidade de governo no programa “7 Transformações” (7T), fortalecer o poder popular e as comunas e preparar o país para a luta armada, se necessário, para proteger a soberania.
“Jamais nos humilharemos diante do império; permaneceremos de pé em batalha ativa. O PSUV, como partido de governo e unificador das forças políticas, sociais e culturais da Revolução, deve se preparar e se adaptar para passar à luta armada caso a Venezuela seja atacada militarmente pelo imperialismo norte-americano”, afirmou Maduro.
Ele mencionou a ativação de 284 pontos estratégicos em todo o território nacional e convocou a mobilização de 260 mil estruturas territoriais para defesa do país. Também destacou que a Venezuela tem um “conceito estratégico de defesa e de segurança construído há décadas pelo comandante Hugo Chávez, que rompeu com a visão colonial e nos deu a doutrina de defesa mais avançada de toda a América Latina e do Caribe”.
Disse ainda que “milhões de venezuelanos estão dispostos a defender o país em qualquer terreno, diante das ameaças de setores extremistas e do governo dos Estados Unidos” e exibiu o legado: “somos herdeiros de Guaicaipuro, Bolívar, Zamora, Cipriano Castro, Fabricio Ojeda e Hugo Chávez”.
Madura também enviou o recado: “que ninguém se atreva. Aqui estamos de pé, preparados, com máxima união e máxima moral para defender cada palmo desta terra sagrada. Se tocarem na Venezuela, o povo saberá responder.”

‘Se tocarem na Venezuela, o povo saberá responder’, afirma Maduro em plenária do PSUV
Imprensa Oficial da Venezuela
‘Tremenda mentira’
O ministro do Interior, Diosdado Cabello, contestou relatos da imprensa internacional que indicavam que uma embarcação do grupo Tren de Aragua, carregada de drogas, havia sido destruída por forças norte-americanas, resultando na morte de 11 traficantes.
Cabello classificou o episódio como uma tentativa de difamar o país. E apontou que a destruição de um navio “carregado de drogas para envenenar os EUA” é “uma tremenda mentira”. Não se tratava de um navio, mas de uma lancha com apenas 11 pessoas, afirmou, ao contar que é um tipo de embarcação que precisa levar um tanque de gasolina para reabastecer.
O ministro frisou que as investigações feitas em território venezuelano não apontaram vínculo algum com o grupo Tren de Aragua ou com narcotráfico. E afirmou sobre os Estados Unidos: “eles confessaram abertamente terem assassinado 11 pessoas. Fizemos nossas investigações aqui em nosso país e há famílias dos desaparecidos que reclamam seus parentes. Quando perguntamos nas cidades, nenhum era do Tren de Aragua, nenhum era traficante de drogas”, afirmou.
“Foi cometido um assassinato contra um grupo de cidadãos usando força letal”, complementou. “O que se faz quando se detectam drogas? Bombardear o barco ou determinar quanta droga ele tem? (…) O que estabelece o direito internacional?”
‘Calibrar o GPS’
O ministro do Interior da Venezuela também criticou o fato de a imprensa ter comprado a versão do imperialismo ao anunciar em suas manchetes “Tren de Aragua assassinado”. Ele frisou que a Venezuela é um país livre de produção e de laboratórios produtores de drogas, e mencionou os dados oficiais do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes de que apenas 5% das drogas produzidas na região passam pela Venezuela.
“A Venezuela não tem laboratório, é território livre de laboratórios para processamento de drogas. Mas Venezuela tem petróleo, tem gás, tem ouro, tem água e, digo a vocês, a Venezuela também tem dignidade”, apontou, ao ser ovacionado.
A vice-presidenta venezuelana Delcy Rodríguez também reiterou o combate ao narcotráfico no país e disse que “os Estados Unidos devem calibrar seu GPS porque a droga que querem combater não sai pelo Caribe, e sim pelo oceano Pacífico”. Ela também frisou que as agressões de Washington “não são um tema militar. A presença de barcos no Caribe tem outro objetivo e significado: uma mudança de regime na Venezuela”.
Como aponta o relatório das Nações Unidas, o fentanil, responsável por mais de 40 mil mortes nos Estados Unidos no último ano, flui principalmente ao longo da costa do Pacífico do Equador e da Colômbia, bem como da América Central e do México. E não pela Venezuela, o que invalida a rota pelo Caribe, onde estão as forças militares norte-americanas, explica a TeleSur.























