Sábado, 6 de dezembro de 2025
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A maioria republicana na Câmara dos Representantes decidiu encerrar antecipadamente as atividades legislativas nesta semana, adiando para setembro a discussão sobre a liberação dos arquivos relacionados ao caso Jeffrey Epstein. A medida foi anunciada nesta terça-feira (22/07), reduzindo a agenda de votações que originalmente iria até quinta-feira (24/07).

A polêmica em torno dos arquivos de Epstein já havia paralisado na noite de segunda-feira (21/07) os trabalhos do Comitê de Regras da Câmara, instância crucial para a tramitação de projetos legislativos. A interrupção ocorreu quando parlamentares democratas ameaçaram incluir emendas sobre o caso Epstein na pauta de votação.

Ted Lieu, vice-presidente da bancada democrata, acusou os republicanos de fugirem do debate: “eles estão encerrando esta semana mais cedo porque têm medo de votar na questão de Jeffrey Epstein”. Em resposta, Steve Scalise, líder da maioria republicana, afirmou que “o trabalho pesado já foi feito no comitê”, evitando comentar a relação entre o recesso antecipado e o caso Epstein.

Em entrevista coletiva, o presidente da Câmara, Mike Johnson, pediu cuidado com as vítimas durante a divulgação dos documentos. “Não há propósito para o Congresso pressionar um governo a fazer algo que já está fazendo. E isso é para jogos políticos. Estou muito firme nisso, podemos exigir total transparência e também proteger as vítimas, e se você agir de forma imprudente ou precipitada, não é isso que acontece”.

Além de acusar os democratas de fazer “jogo político”, o republicano de Louisiana declarou que “a agenda da América em primeiro lugar e o povo americano serão melhor atendidos ao pôr fim aos espetáculos paralelos dos democratas, e é isso que estamos fazendo ao não permitir que o Comitê de Regras continue com esse absurdo esta semana”.

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Joe Morelle, o segundo democrata no comitê de dotações da Câmara, criticou a redução da semana de trabalho. “Não fizemos projetos de lei de verbas públicas e, ainda assim, vamos tirar dias extras de folga simplesmente porque não queremos passar pelo desconforto de pressionar o presidente a fazer o que ele prometeu fazer, o que o procurador-geral prometeu fazer, o que o diretor do FBI prometeu fazer, mas agora eles estão violando sua promessa e seu compromisso de fazer”, disse.

Liderança do Partido Republicano continua afirmando que "não há diferença" entre a Câmara e o governo Trump em relação aos arquivos de Epstein

Liderança do Partido Republicano continua afirmando que “não há diferença” entre a Câmara e o governo Trump em relação aos arquivos de Epstein
Davidoff Studios / Getty Images

Solicitação do Departamento de Justiça

O Departamento de Justiça solicitou formalmente na sexta-feira (18/07) a um juiz federal que tornasse públicas as transcrições dos procedimentos do grande júri envolvendo o criminoso sexual condenado em 2019, em Nova York.

O requerimento foi realizado um dia após Trump pedir à procuradora-geral Pam Bondi que buscasse a divulgação de “todo e qualquer depoimento pertinente do grande júri, sujeito à aprovação do tribunal”. Bondi disse que o Departamento de Justiça solicitaria ao tribunal federal em Manhattan, na sexta-feira, que tornasse públicas as transcrições do grande júri.

O Departamento de Justiça ainda entrou com um pedido para tornar públicas as transcrições do júri relacionadas às acusações contra Epstein, que terminaram com sua morte sob custódia no final do ano de 2019.

Outra solicitação feita foi a liberação das transcrições do júri no caso contra Ghislaine Maxwell, que em 2021 foi condenada por conspirar com Epstein, e afirmou que solicitará a um tribunal do sul da Flórida a liberação das transcrições. Epstein foi inicialmente investigado por autoridades federais na Flórida na década de 2000, o que culminou em um acordo federal de não acusação e uma confissão de culpa pelas acusações estaduais de prostituição.

O deputado Thomas Massie, um republicano do Kentucky, de tendência libertária, que rompeu o partido, e o deputado democrata Ro Khanna, da Califórnia, apresentaram uma medida que obrigaria o Departamento de Justiça a divulgar os arquivos relacionados a Epstein em 30 dias. Massie planeja forçar uma votação em plenário sobre a legislação assim que os legisladores retornarem em setembro.

Preso em 2019, Jeffrey Epstein é acusado de participar de uma rede de tráfico sexual que supostamente contratava meninas menores de idade para as elites globais. Segundo o Departamento de Justiça, ele cometeu suicídio em uma prisão federal e que não havia nenhuma lista de clientes que pudesse ser divulgada.

A divulgação, somada ao anúncio do departamento de que não forneceria mais detalhes sobre o caso, revoltou muitos apoiadores do presidente. Eles acreditavam que ele investigaria a fundo uma suposta conspiração do “estado profundo” para ocultar os vínculos de Epstein com as elites globais. Parte dessa expectativa havia sido alimentada por aliados do próprio Trump, como Bondi, que em fevereiro afirmou à Fox News: “a lista de clientes de Epstein está em cima da minha mesa, pronta para análise”.