Renúncia de premiê lança Japão em cenário de incertezas, diz NYT
Jornalista Javier Hernández aponta crise de liderança no país em meio a cenário inflacionário e tensões comerciais com Trump
A renúncia do primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, após menos de um ano no cargo, pode mergulhar o país em um cenário de incerteza política, afirma artigo do chefe do New York Times, em Tóquio, Javier C. Hernández.
A renúncia anunciada neste neste domingo (07/09) ocorreu após a derrota do Liberal Democrata (LDP), partido de Ishiba, nas eleições parlamentares, levando à perda da legenda da maioria nas duas casas que detinha no Parlamento japonês.
Segundo o jornalista, a derrota e, agora a renúncia do premiê japonês lançam o país em uma “profunda crise de liderança” com riscos de retomada da instabilidade “de trocas frequentes de primeiros-ministros ou de um avanço do populismo de direita”.
“A queda de Ishiba foi alimentada por fatores internos e externos”, explica Hernández, ao citar a inflação em alta depois de décadas de estabilidade, o crescente sentimento anti-imigração no país, as tensões comerciais com os Estados Unidos sob Donald Trump e um escândalo de financiamento político que atingiu o governo. Ele também destaca “a frustração popular com a gestão da economia e a crise do arroz” em curso no país.
Ao justificar a renúncia, Ishiba reconheceu os erros e disse ter tomado a “dolorosa decisão de renunciar”, afirmando sentir “um grande senso de arrependimento”.

Ishiba disse ter tomado a “dolorosa decisão de renunciar” em meio a ‘um grande senso de arrependimento’
気象庁 / Wikimedia Commons
‘Desafios complexos’
Hernandez aponta que “desafios complexos” aguardam o próximo titular do governo, como “a inflação persistente, pressões migratórias, envelhecimento populacional, tarifas impostas por Trump e a crescente assertividade militar da China no Mar do Sul da China”.
Analistas como Mireya Solís, da Brookings Institution, e Tobias Harris, do Japan Foresight, ouvidos pelo jornalista, alertam que a crise pode enfraquecer o papel internacional do Japão, privando o mundo de ‘uma mão firme no leme’. Ambos destacam que os problemas atuais são tão amplos que provavelmente ultrapassam a capacidade de qualquer líder individual.
Os possíveis sucessores de Ishiba, aponta Hernandéz, são: o atual ministro da Agricultua, Shinjiro Koizumi; a conservadora linha-dura Sanae Takaichi, apoiada por Shinzo Abe; Yoshimasa Hayashi, chefe de gabinete próximo a Ishiba; o ex-ministro da economia e ex-chanceler do país, Toshimitsu Motegi; e o deputado Takayuki Kobayashi.
Leia a íntegra do artigo “O que saber sobre a renúncia do primeiro-ministro japonês” no NYT.























