Quem é Bardella, líder da extrema direita francesa que pode virar premiê após eleições legislativas antecipadas
Presidente da França, Emmanuel Macron, convocou eleições legislativas antecipadas no país após vitória da extrema direita no pleito europeu
O líder da extrema direita francesa Jordan Bardella será o “candidato” do seu partido, o Reunião Nacional (RN), ao cargo de primeiro-ministro da França, de acordo com o vice-presidente da legenda, Sébastien Chenu. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (10/06), após a vitória da extrema direita francesa nas eleições europeias. O resultado levou o presidente Emmanuel Macron a convocar eleições legislativas antecipadas no país, nos dias 30 de junho e 7 de julho.
“Jordan Bardella foi eleito deputado no Parlamento Europeu e já tem o respaldo popular. Ele é o nosso candidato para Matignon”, disse Chenu, em referência à residência oficial do primeiro-ministro francês, durante uma entrevista à rádio RTL.
Na França, se o partido do governo não obtém a maioria das cadeiras na Assembleia Nacional, o sistema de governo prevê a cohabitation (“coabitação” em tradução livre), ou seja, uma divisão do poder Executivo.
Neste caso, esse poder, exercido pelo presidente da República e pelo primeiro-ministro, é assegurado por dois adversários políticos, escolhidos democraticamente. Essa situação ocorreu pela última vez em 1997 durante a Quinta República francesa – ou seja, há quase 30 anos, o que dá a dimensão da gravidade da crise política francesa.
A Quinta República teve início em 1958 e foi instaurada por Charles De Gaulle, e visava justamente reforçar o papel do Executivo na Constituição. Por essa razão, o regime político na França é conhecido como semipresidencialista. A ascensão da extrema direita no país significa que seus partidos poderão participar de forma ativa no governo.
Carreira meteórica
Mas, quem é Jordan Bardella, o jovem que teve uma carreira meteórica na política francesa e pode se tornar premiê?
Nascido em Drancy, nos subúrbios de Paris, em 13 de setembro de 1995, Jordan Bardella é filho único e vem de uma família modesta de um imigrante na Itália. Sua avó paterna é filha de um italiano e de um argelino. Seus pais, Olivier e Luisa, se separaram quando ele tinha cerca de um ano e meio.

Jordan Bardella/Twitter
Líder da extrema direita francesa Jordan Bardella será “candidato” do seu partido, Reunião Nacional (RN)
Bardella já declarou à imprensa francesa que o passado difícil foi determinante para sua carreira política, já que “via minha mãe ficar sem dinheiro antes do fim do mês”. Ele entrou no Reunião Nacional aos 16 anos e sua primeira função foi colar cartazes do partido, de acordo com informações publicadas jornais franceses.
Rapidamente ele chamou a atenção de Marine Le Pen, líder do partido na Assembleia Nacional e ex-candidata à presidência da França. Em 2014, aos 19 anos, Bardella foi designado como secretário do Reunião Nacional em Seine-Saint-Denis, na região parisiense.
Bardella parou a faculdade no meio
Em 2015, então estudante de Geografia da Sorbonne, Bardella lançou o coletivo “Banlieues Patriotes” (Subúrbios Patriotas) e foi eleito conselheiro regional em Île-de-France, a região que engloba Paris. Ele abandonou a faculdade no terceiro ano para se dedicar à política.
Em 2017, após a saída de Florian Phillippot, um dos líderes do RN, e depois de ser derrotado nas eleições legislativas, o jovem político foi indicado por Marine Le Pen para o cargo de um dos porta-vozes da sigla, ao lado de Sébastien Chenu, além de se tornar diretor nacional da Frente Nacional da Juventude (FNJ).
Em junho de 2019, Bardella se tornou o novo segundo vice-presidente do Reunião Nacional e, um mês depois, em 2 de julho de 2019, ele foi nomeado deputado ao Parlamento Europeu, aos 23 anos.
Em 5 de novembro de 2022, Jordan Bardella foi eleito presidente do Comitê Nacional do partido, com 84,8% dos votos, contra seu adversário Louis Aliot. Há poucas informações sobre sua vida pessoal, mas ele vive com Nolwenn Olivier, filha de Marie-Caroline Le Pen e Philippe Olivier – e sobrinha de Marine Le Pen.
Em um recente debate com o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, Bardella acusou o presidente Macron de “colocar mais lenha na fogueira” na guerra, quando não descartou o envio de tropas para a Ucrânia. Attal denunciou que o RN já teve “uma aliança de interesses mútuos com Moscou”.























