Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Cerca de 14 milhões de pessoas estão habilitadas para votar neste domingo (07/09) nas eleições legislativas da Província de Buenos Aires, disputa que escolherá os representantes do Congresso Provincial, o poder Legislativo da região que reúne as cidades que envolvem a capital federal argentina, e que configuram o maior colégio eleitoral do país – superando inclusive a cidade de Buenos Aires.

A disputa eleitoral na província costuma servir de prévia para as eleições legislativas, marcadas para o dia 26 de outubro, na qual serão renovadas as bancadas da Câmara e do Senado a nível nacional.

Porém, o escândalo de corrupção envolvendo a secretária geral da Presidência, Karina Milei, que ademais é irmã do presidente de extrema direita Javier Milei, aumentaram de forma significativa a atenção dada pela imprensa local ao pleito deste domingo.

A crise no governo surgiu há cerca de 10 dias, quando foi revelado pela imprensa um caso de corrupção no qual Karina Milei é acusada de cobrar propina de empresas provedoras de medicamentos para a Agência Nacional para a Deficiência (ANDIS). Segundo o advogado Diego Spagnuolo, um dos envolvidos na trama, a irmã do presidente chegava a receber cerca de 3% do valor total das verbas destinadas a essas compras.

O caso tem afetado a popularidade de Milei, e já rendeu a ele o primeiro revés eleitoral, no último domingo (31/08), quando o seu partido de extrema direita, A Liberdade Avança, foi apenas o quarto mais votado nas eleições legislativas da Província de Corrientes – ficando atrás da coalizão regionalista Vamos Corrientes, que elegeu a maior bancada, e da aliança Força Pátria, que reúne diferentes setores do peronismo e que ficou em segundo lugar.

O que está em jogo

As eleições legislativas na Província de Buenos Aires renovarão metade da Câmara e metade do Senado que compõem o Congresso Provincial.

Sendo assim, o pleito escolherá 46 deputados de um total de 92, e 23 senadores de um total de 46. Vale destacar que tanto os deputados quanto os senadores provinciais têm mandato de quatro anos – ou seja, os eleitos neste domingo ficarão no cargo até 2029.

Javier Milei enfrenta pior crise desde que iniciou seu governo, em dezembro de 2023
Wikimedia Commons

Além do partido de extrema direita A Liberdade Avança, força política encabeçada pelo presidente Javier Milei, participarão do pleito a aliança Força Pátria, cujo principal líder local é justamente o governador da Província de Buenos Aires, Axel Kicillof, e que também conta com o apoio de ex-candidatos presidenciais peronistas, como Sergio Massa e Juan Grabois.

A ex-presidenta argentina Cristina Kirchner chegou a anunciar em maio deste ano sua candidatura a deputada provincial em Buenos Aires, mas acabou sendo proibida de concorrer devido a uma condenação na Justiça que a tem atualmente em prisão domiciliar.

Outras coalizões que participarão destas eleições são a Somos Buenos Aires (que reúne partidos da direita moderada, como a União Cívica Radical e a Coalizão Cívica, entre outros), a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores (esquerda radical) e o Movimento de Integração e Desenvolvimento (dissidência da União Cívica Radical, e portanto também de centro direita, embora se apresente como “extremo centro” em algumas peças publicitárias).

‘Vitimização’

Na última quarta-feira (03/09), o presidente Javier Milei encabeçou o ato final da sua campanha do seu partido, realizado na cidade de Moreno, famoso reduto político da esquerda argentina, o que foi considerado pela aliança peronista Força Pátria como um ato de provocação.

Segundo o governador Kicillof, “a extrema direita tem todo o direito de fazer sua campanha, mas este evento demonstra alguns aspectos muito estranhos e suspeitos: primeiro, foi escolhido um local que não estava preparado para sediar um evento desta natureza; segundo, indivíduos com mais antecedentes criminais do que experiência política estavam envolvidos na organização; e terceiro, os líderes do partido de Milei estão mais preocupados em alertar sobre potenciais atos de violência do que em chamar seu público”.

Ao final, o evento ocorreu sem maiores incidentes, mas serviu para o presidente lançar um discurso de que estaria sendo “ameaçado de morte” pelo kirchnerismo (setor ligado à ex-presidenta Cristina Kirchner, considerado o mais à esquerda dentro do peronismo).

“Eles (kirchneristas) planejam um atentado para acabar com a minha vida. Este é um momento chave na história da Argentina e os kirchneristas estão dispostos a ir ao tudo ou nada”, alegou o mandatário, segundo o diário Página/12.

Kicillof respondeu a essas insinuações do presidente dizendo que os peronistas “devem estar atentos nestes últimos dias de campanha eleitoral, para evitar produzir a cena que Milei pretende criar, para fortalecer seu discurso de vitimização”.